Alexandra Lucas Coelho é jornalista e escritora. Publicou três romances, cinco livros de não-ficção e tem no prelo uma série. Como repórter, primeiro na RDP, depois no “Público”, cobriu várias zonas de conflito, da ex-URSS à América Latina e ao Médio Oriente. Foi correspondente em Jerusalém e no Rio de Janeiro. Recebeu vários prémios de jornalismo e o Grande Prémio de Romance e Novela da APE.
Nunca foi tão difícil amar o Brasil, nunca foi tão preciso amar o Brasil. Somos imensos, todos com saudades do Brasil. Esta história não acabou, o luto vira luta, canção. Se ninguém sabe o que será uma revolução, amar uma ideia de país já é revolução.
O mundo viu a cara de Emma Gonzalez. No mesmo exacto dia, estudantes revoltavam-se em Gaza. Saem de casa para a escola a cada dia, marcham pela sua vida todos os dias. Espero o dia em que a América, e o mundo, também se possam ver na cara deles.
No dia em que o conheci disse-lhe que me lembrava o Coppola. A resposta dele foi: o Coppola não, o Orson Welles. E isto era só um dos muitos diálogos desconcertantes que se podiam ouvir naquele 9.º andar atulhado de gente sobre a praça Tahrir, em plena revolução. Pierre Sioufi fez com que aquele mo
Ainda não se achou essa maneira de quem morre nos consolar de já não estar cá. Vamos ter de aguentar sozinhos sem a Teresa. Ela também nos preparou para isso. Preparou muita coisa.
O país onde é possível viajar milhares de anos pela criação humana em menos de uma milha, ao mesmo tempo vê-se obrigado a lidar com tiroteios em massa nas escolas, porque simplesmente eles acontecem cada vez mais.
Mil lugares com entrada livre, que não esgotaram, num teatro de Harvard. Bastantes caras asiático-americanas na assistência, mas não mais de meia dúzia afro-americanas. Uma delas era Malia Obama, filha mais velha do ex-presidente, caloira aqui. No fim houve uma série de perguntas para Wiseman. Uma d
Juízes, Temers, Bolsonaros podem bolsar, uivar, serão pó porque são nada. Lula está no coração de milhões porque os mereceu. Qual a dúvida de que nunca antes na história desse país houve um presidente assim?
Imaginem quem começa agora a ver cinema e é apresentado a Woody Allen como molestador: nunca será apresentado a Woody Allen. Boa altura para lhe mostrar os filmes, e explicar duas ou três coisas sobre Hollywood. Sobre as pessoas, em geral.
Queridos homens, nós, feministas, que não vos odiamos, que gostamos de sexo, estamos com a liberdade e queremos estar convosco. Resta saber onde vocês estão.
Francisco tem sido uma voz visceralmente avessa ao capitalismo contemporâneo, a voz de um outro futuro, sim. No meu tempo de vida, este é o primeiro papa que ouço como um contra-poder.
Tendo os EUA declarado unilateralmente o vencedor, algo vai explodir, gente vai morrer, o mal vai dar-se bem, e os oportunistas do mal vão surfar. Se a ONU ou a Europa querem fazer cumprir as resoluções que aprovaram, este será um bom momento para fazer a diferença. Fazer algo, enfim.
O aborto ser crime em qualquer caso significa o Estado dizer a mulheres violadas que devem ter o filho do violador, ou morrer para dar à luz, ou dar à luz um morto. Dizer, em suma, o que há muito o Estado diz: que as mulheres valem o que convier aos homens, e portanto eles podem decidir que uma mulh
Trump não tomou o poder à força, há um ano. Foi eleito por ser o idiota que é. Não um ditador, mas um idiota eleito, cada vez mais perigoso. Espelho do estado do mundo.
Tantos erros, tanto desejo distorcido. E com certeza muita gente, fora e dentro da Catalunha, sem simpatia por nacionalismos, e ao mesmo tempo avessa à repressão e surdez de Madrid. Que não haja dúvida sobre isto: estamos mais ligados, dentro e fora, mais sujeitos aos mesmos colapsos, ecológicos e p
As mulheres põem-se sempre a jeito para apanhar, na lógica machista. Se não é a mini-saia é ter opinião: quem a mandou falar, depois não se queixe. Assim se legitima o abuso e promove a auto-censura. Uma inversão tipo a abusada ser culpada do abuso, como no acórdão criminoso do juiz Neto de Moura.