Alexandra Lucas Coelho é jornalista e escritora. Publicou três romances, cinco livros de não-ficção e tem no prelo uma série. Como repórter, primeiro na RDP, depois no “Público”, cobriu várias zonas de conflito, da ex-URSS à América Latina e ao Médio Oriente. Foi correspondente em Jerusalém e no Rio de Janeiro. Recebeu vários prémios de jornalismo e o Grande Prémio de Romance e Novela da APE.
Éramos 3500 a desfilar na Mangueira “a história que a História não conta”. E connosco estava o país que resiste desde 1500 até Bolsonaro. A Mangueira não ganhou só o Carnaval. Deu uma nova bandeira ao Brasil. O morro desceu para a História.
Estou com Jean tal como estou contra a ocupação da Palestina. É a mesma família de razões: pela liberdade. E por isso também gostava que este equívoco de Jean se desfizesse.
Se Conan ganhar, Portugal dará um contributo bombástico ao bombom de Israel. A Israel, aliás, dá imenso jeito vender arrojo na “diversidade”. Portanto, claro que é possível dizer: não me chateiem com a política. Mas isso será político. Escolha onde quer estar, caro telespectador: com o Festival do A
O problema não é o vídeo da violência. É a violência. O ressentimento não nasce de protestarmos. Nasce do mal estar lá, quase sempre tapado, tapado por séculos. Política seria encará-lo.
Vivemos o tempo da ciência com o medo irracional do nosso próprio fim, a ponto de não conseguirmos contemplá-lo. Como devemos parecer patéticos aos povos indígenas, que tão bem conhecem o apocalipse trazido pelo homem branco.
Como é que uma entidade do Estado dá aval à propaganda fascista? A PSP vai organizar-se para que uma organização fascista defenda o fascismo de costas voltadas para o parlamento? E quem vai proteger os portugueses negros, judeus, muçulmanos ou gays que o nazi Machado adorava esfaquear?
Gritos, lágrimas, alucinação, neo-evangelização total da política. Esta mulher que prega como quem precisa de ajuda psiquiátrica urgente será parte do governo de 200 milhões de pessoas.
Anos antes de Cristo nascer, um povo bem moreno, cabelo negro, subiu até aqui, olhou em volta, entre o vulcão e o lago: ficou. Mil e tal anos depois desapareceu.
Abraçar os assassinos, atirar nos esfomeados. É a pornografia política do milénio. Que os bárbaros do sul morram nas terras deles, aquelas que o norte sugou.
Já há redes de voluntários em Portugal a defender o que está em perigo no Brasil. Mas é essencial que poderes e instituições em Portugal também se envolvam. Bolsas, fundos, parcerias, acolhimentos, todo o tipo de apoios.
Recorde de mulheres e de candidatos não-brancos. Muita gente activa na campanha pela primeira vez. Um democrata que perdeu a corrida e ganhou o país. O Partido Democrata terá de multiplicar tudo isto para dar a volta a Trump. Reconquistou a Câmara mas não o Senado.
Bolsonaro não vai vencer. Mas a luta será longa, seja o que for que aconteça. E, portanto, é bom aprender com quem luta desde sempre. Preparar-se para a luta. Este é o país onde indígenas lutam desde 1500 contra o extermínio, e onde negros arrancados de África lutaram nos quilombos. A luta será long
O perigo está na cara deste filme, “O Processo”, sobre o golpe que fez cair cair Dilma Rousseff. Um filme de tribunal, que é um filme de terror, que é uma sibila, mostrando-nos como no passado próximo já estava o horror do futuro agora.
É o momento de agir, tomar partido. De quem tem poder declarar se está com a democracia. Não acredito que 49 milhões de brasileiros estejam contra. Há muitos votos para reverter e conquistar.
No domingo, cada voto fará falta, fará diferença. Cada voto pode afastar Bolsonaro da segunda volta. Não há como desistir, não há porque desistir, e não há alternativa. Estamos todos na luta do Brasil pela democracia. Essa é a grande maioria desta eleição histórica.
Vi muitas mobilizações ao longo dos anos mas nenhuma como esta. Iniciada pelas mulheres, alastrou a todos os campos democráticos. Amanhã, o Brasil e o mundo saem à rua.