Uma viagem que só é possível sem o Brexit
Miguel Torres, um engenheiro informático de 34 anos, residente em Cambridge, vai percorrer seis países europeus em cinco dias para, em vésperas do referendo britânico, demonstrar os benefícios da União Europeia para o Reino Unido.
Impossibilitado, por ser estrangeiro, de votar na consulta de 23 de junho, que vai decidir se o Reino Unido fica ou sai da União Europeia, este portuense quer "mostrar que a facilidade de poder visitar seis países deve-se à União Europeia".
A cidade onde vive e trabalha há cerca de quatro anos numa agência não-governamental, referiu, depende da UE por causa dos subsídios à investigação académica e científica. "Obviamente, estou preocupado, como a maioria dos portugueses que cá residem. Todas as facilidades e direitos em termos de trabalho e de não necessitar de visto podem mudar", confiou à agência Lusa.
Caso os britânicos votem maioritariamente para deixar a UE, existe o risco de ser alargado aos cidadãos europeus o regime que restringe a permanência de estrangeiros extracomunitários que tenham vencimento anual inferior a 35.000 libras (46.000 euros). "Afetaria a maioria dos portugueses, nomeadamente enfermeiros", vincou Miguel Torres, que espera que o seu gesto tenha algum impacto através das redes sociais, página de Internet e imprensa local.
O português, que nunca pedalou mais do que 200 quilómetros seguidos, vai atravessar o sul de Inglaterra e visitar a Holanda, Bélgica, Alemanha, Luxemburgo e França entre 31 de maio e 04 de junho. Em média, vai andar 120 quilómetros por dia, esperando ao mesmo tempo angariar mil libras (1.300 euros) para a organização "Pets as Therapy", que reúne animais de estimação com pessoas doentes ou incapacitadas.
Em defesa do Falun Gong
Diferente causa move Miguel Eusébio, de 23 anos, a pedalar 6.000 quilómetros entre Londres e Moscovo, de 01 de julho a 03 de setembro, numa iniciativa chamada Ride 2 Freedom.
A viagem será feita juntamente com mais praticantes de Falun Dafa [também conhecido por Falun Gong], um movimento espiritual que envolve meditação e exercícios físicos.
O objetivo é "consciencializar as pessoas para a perseguição de praticantes de Falun Gong que deixou muitas crianças chinesas órfãs porque os pais foram presos", disse à Lusa este estudante de medicina chinesa residente em Lisboa. As autoridades chinesas baniram a Falun Gong em 1999 por classificarem o movimento de inspiração budista um "culto do diabo".
Os cerca de 30 participantes de diferentes nacionalidades vão passar por 20 cidades de 14 países, onde vão distribuir folhetos e falar da situação. A Ride 2 Freedom realizou-se pela primeira vez no ano passado nos EUA, onde atravessou vários Estados norte-americanos ao longo de 45 dias.
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