"Qualquer ameaça de censura, seja numa televisão, seja numa rádio, seja num museu, obviamente para qualquer democrata é motivo de preocupação, mas essa é uma polémica que eu creio que está devidamente esclarecida", sustentou, no Porto, António Costa.
O chefe do Governo disse ver com naturalidade a polémica entre o conselho de administração da Fundação Serralves e João Ribas, que se demitiu em 20 de setembro após a inauguração da mostra "Robert Mapplethorpe: Pictures", considerando que "faz parte da atividade cultural e da vida cultural haver polémica.
A polémica é, em si própria, "é um ato de cultura", acrescentou.
Fotografias de nus, flores, retratos de artistas como Patti Smith ou Iggy Pop, e imagens de cariz sexual compõem a primeira exposição em Portugal do fotógrafo norte-americano, tendo sido reservada uma das salas de Serralves com obras consideradas mais sensíveis para visitantes maiores de 18 anos.
Na sequência da definição de zonas reservadas na exposição e de o seu universo ter sido reduzido de 179 para 159 obras, o diretor artístico do Museu de Arte Contemporânea de Serralves demitiu-se por entender que não tinha condições para prosseguir o trabalho.
No dia 16 de outubro, aos deputados da comissão parlamentar de Cultura, a presidente do conselho de administração da Fundação de Serralves, Ana Pinho, reiterou que não houve censura, salientando que todas as decisões foram tomadas de acordo com o curador da mostra.
No mesmo dia, João Ribas esclareceu que só se demitiu após a inauguração da exposição de Mapplethorpe por considerar prioritário abrir a mostra ao público.
A decisão foi a de "fazer este trabalho e depois tomar a posição de apresentar a demissão", contornando a ingerência neste processo, explicou.
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