A Petrobras está já a negociar um acordo com a gigante saudita Aramco, que tem os direitos de uso da marca da gasolina brasileira no Chile, para desenvolverem negócios na América Latina, afirmou à EFE o presidente da empresa brasileira, Jean Paul Prates.
“Aproveitando que estamos juntos no Chile, iniciámos conversações para criar uma estratégia para entrar no mercado de produtos em toda a América Latina”, afirmou Prates, numa entrevista.
Além das conversas com a Aramco, o responsável demonstrou o interesse da Petrobras em “revitalizar” as suas operações na Bolívia, em desenvolver uma gigantesca reserva de gás natural no Caribe colombiano, em ampliar seus negócios de gás natural na Argentina e em disputar concessões para explorar áreas marinhas no Suriname.
Segundo Prates, depois do regresso do progressista Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência do Brasil, a Petrobras, uma empresa com ações de bolsa mas controlada pelo Estado, quer voltar a dar prioridade à América Latina, uma região que tinha sido abandonada.
Jean Paul Prates afirmou que a Petrobras descobriu na zona, que explora em concessão com a colombiana Ecopetrol no Caribe, um campo onde são estimadas reservas de quatro tetrafts cúbicos (TPC) de gás natural, volume superior às atuais reservas provadas do país.
Segundo acrescentou, outras empresas como a própria Ecopetrol e as multinacionais Shell e Occidental Petroleum, descobriram importantes reservas de gás em zonas próximas e estariam interessadas em criar um ‘hub’ para exportá-las conjuntamente.
Os recursos para desenvolver estas reservas na Colômbia foram incluídos no Plano Estratégico para 2024-2028 anunciado na quinta-feira pela empresa brasileira e que prevê investimentos de 102 mil milhões de dólares, refere Jean Paul Prates.
Desse total, 73 mil milhões de dólares são destinados a projetos de exploração e produção de petróleo e gás, mas apenas 1.300 milhões de dólares para operações noutros países, incluindo Colômbia.
Na sua opinião, a solução passa pelas empresas com reservas vizinhas unirem esforços para formar um consórcio para fornecer gás natural e gás natural liquefeito.
Aquele responsável referiu que a Petrobras mantém os seus importantes campos de gás na Bolívia, que alimentam um gasoduto com capacidade para transportar 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia no Brasil, e que agora está interessado em novos negócios no país vizinho.
O plano da Petrobras para desenvolver as reservas do chamado bloco Tayrona foi anunciado três anos depois de a empresa incluir a sua participação nesse ativo (44%) no plano de desinvestimentos durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (2019-2022).
Com o regresso de Lula da Silva ao poder, em janeiro passado, as vendas de ativos foram revistas e a Petrobras optou por retomar o papel de operadora do bloco localizado a 32 quilómetros do litoral norte da Colômbia e já tem planos de iniciar a produção em 2026.
A Petrobras também quer aproveitar a decisão das autoridades colombianas de desenvolver reservas de gás em águas ‘offshore’ para reduzir as suas importações de combustíveis e impulsionar as indústrias energética e petroquímica.
Prates descartou que os planos da Petrobras na Colômbia possam ser afetados pela política do presidente colombiano, Gustavo Petro, de acelerar o processo de transição energética.
O Governo colombiano já suspendeu a atribuição de novas licenças para explorar petróleo e gás natural no país, pelo que as empresas petrolíferas que operam na Colômbia têm de se limitar a desenvolver as concessões já atribuídas.
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