
“A equipa da Casa Fernando Pessoa lamenta a morte de Fernando J.B. Martinho (1938-2025), lê-se na publicação, que recorda o percurso profissional e literário do autor de “Tendências dominantes da poesia portuguesa da década de 50” (Prémio de Ensaio, ex-aequo, do Pen Clube Português).
Fernando J.B. Martinho destacou-se na carreira académica, a nível nacional e internacional, que acumulou com a publicação de obra própria, dois livros de poemas, em 1970 e 1980, “Resposta a Rorschach” e “Razão Sombria”, além de figurar em diversas antologias.
Como ensaísta e investigador, dedicou-se em particular ao estudo da Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea.
Nascido em Portalegre, Fernando J.B. Martinho licenciou-se em Filologia Germânica e doutorou-se em Literatura Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde lecionou, no Departamento de Literaturas Românicas, entre outras cadeiras, Teoria da Literatura e Estudos Pessoanos, tendo sido criador e diretor desta última.
Fernando J.B. Martinho foi leitor de Português nas Universidades de Bristol (Inglaterra) e da Califórnia, em Santa Bárbara (EUA), e enquanto crítico e ensaísta, dedicou-se especialmente à poesia portuguesa contemporânea e às literaturas africanas de expressão portuguesa.
O literato deixa uma colaboração crítica e ensaística dispersa por várias publicações, tais como Colóquio/Letras, Revista da Faculdade de Letras, Românica, África, Persona, Vértice, JL, Visão, Rassegna Iberistica, Indiana Journal of Hispanic Literatures, Loreto 13, Cadernos de Literatura, World Literature Today, Reasearch in African Literatures, Ler e A Cidade, bem como em atas de colóquios, encontros e congressos.
Participou ainda em diversos volumes coletivos, entre os quais “Luandino: José Luandino Vieira e a Sua Obra” (1980) e “Studies on Jorge de Sena” (Santa Bárbara, 1981), além de ter colaborado no “Dicionário de Literatura” (dirigido por Jacinto do Prado Coelho), no “Grande Dicionário de Literatura Portuguesa e de Teoria Literária” (dirigido por João José Cochofel) e no “Dicionário Cronológico de Autores Portugueses”.
Fernando J.B. Martinho deixa ainda a sua marca, enquanto autor de prefácios de livros de alguns dos mais destacados autores de língua portuguesa, como é o caso de Adolfo Casais Monteiro, António Ramos Rosa, Eugénio de Andrade, Francisco José Viegas, José Craveirinha, Luandino Vieira, Urbano Tavares Rodrigues, entre outros.
Como poeta, além dos dois livros publicados, está representado em diversas antologias de poesia portuguesa, designadamente, “Antologia de Poesia Universitária”, “Poesia Portuguesa do Pós-Guerra, “Hiroshima”, “Poesia 70”, “Poesia 71”, “800 Anos de Poesia Portuguesa”, “Antologia da Poesia Portuguesa: 1940-1977”.
Na década de 1990, foi presidente do Centro Português da Associação Internacional dos Críticos Literários e vice-presidente internacional da mesma associação sediada em Paris.
Coordenou, para o Camões Instituto, em 2004, o volume "Literatura Portuguesa do Século XX", em que também se ocupou do capítulo respeitante à Poesia.
Em 2015, recebeu o Tributo de Consagração da Fundação Inês de Castro.
Em 2017, coorganizou, com outros autores, uma edição poética bilingue, numa organização do Goethe-Institut Portugal e edição da Tinta-da-China, intitulada “Às Vezes São Precisas Rimas Destas. Poesia Política Portuguesa e de Expressão Alemã (1914-2014)”, que reúne cem anos de história de Portugal e dos países de língua alemã em poemas de grandes escritores do século XX.
Em 2022, publicou, na mesma editora, o que viria a ser o seu último livro, a obra ensaística “Aspetos do legado pessoano”, que ganhou o Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho.
Comentários