Os dois grandes parques da capital, que no último ano acolheram os 1,4 milhões de visitantes para as comemorações, mantiveram as suas portas fechadas neste sábado, data que marca o início do Ano do Rato, o primeiro dos doze signos do zodíaco chinês.
Para reduzir o risco de contágio, as autoridades optaram por cancelar as festividades. Diferentemente dos anos anteriores, neste ano não há orquestras com tambores para assustar os maus espíritos ao fazer o maior ruído possível.
"Não parece que estamos no Ano Novo", lamenta Li, de 21 anos, diante das portas fechadas do Templo dos Lamas, onde os budistas fervorosos formam filas ao amanhecer para ser os primeiros a queimar incensos no primeiro dia do ano.
Na porta do templo, que tem uma estátua de Buda gigante na entrada, um aviso explica que o local permanecerá fechado até que o risco de contágio diminua, visando "proteger a saúde dos religiosos e dos monges".
No último ano, mais de 80 mil pessoas vieram ao templo para comemorar o início de um novo ano. Desta vez, guardas de uniforme e com os rostos cobertos por máscaras protetoras convidam os trauseuntes a deixar o local.
Pequim está situada a mais de mil quilómetros de Wuhan, o epicentro da epidemia que já infectou cerca de 1.300 pessoas desde dezembro e registou 41 mortes. Desde a última quinta-feira, Wuhan e os seus arredores estão isolados do mundo.
Até o momento, a capital, que tem 20 milhões de habitantes, conta com 35 casos confirmados do vírus. De qualquer das formas, a governação preferiu fechar lugares turísticos como a Cidade Proibida, o antigo palácio dos imperadores, assim como partes da Grande Muralha da China.
"Quando saímos de férias, a situação não era assim tão grave", conta um turista do sul do país, que chegou à capital momentos antes do anúncio da suspensão das visitas aos lugares turísticos.
Depois de ignorar a epidemia por semanas, os chineses finalmente parecem ter percebido a gravidade da situação após o alerta do presidente Xi Jinping na última segunda-feira quanto a deter "efetivamente" o vírus.
Pouco antes do comunicado do presidente, o país já tinha recebido informações de que o vírus é transmitido entre humanos, e não somente de animais para humanos. A partir desse momento, muitos trabalhadores chineses migrantes decidiram passar o Ano Novo em casa, tornando Pequim uma cidade ainda mais vazia.
Próximo ao lago Huhai, num bairro repleto de casas antigas, os bares e restaurantes que costumam ficar cheios de visitantes e turistas decidiram ficar abertos, mas permanecem quase vazios. As ruas antigas, decoradas com lanternas vermelhas e bandeiras chinesas, nessa mesma cor, parecem não reunir tantos admiradores.
"Não há muitas pessoas. O vírus gerou um impacto", observa Huo, um cidadão de Pequim, de 63 anos. "Em 2003, no entanto, o cenário da SRAS foi muito mais grave", lembra.
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