“O Governo brasileiro não manda na Polícia Federal, muito menos na Justiça. Você tem uma investigação, decisão de um juiz da Suprema Corte [Supremo Tribunal Federal] que mandou fazer busca e apreensão sob suspeita de utilização com má-fé pela Abin [Agência Brasileira de Inteligência]”, disse Lula da Silva numa entrevista à rádio CBN.
“Eu não vejo nenhum problema anormal, se há decisão judicial. O que eu espero é que as pessoas que estão sendo investigadas sejam investigadas, tenham direito à presunção da inocência, que eu não tive. E acho que as pessoas que não devem não temem”, acrescentou.
Na segunda-feira, a polícia brasileira realizou buscas numa casa da família do ex-presidente Jair Bolsonaro na cidade de Angra dos Reis, numa operação que investiga o alegado uso da Abin no Governo Bolsonaro para monitorizar ilegalmente autoridades públicas.
Carlos Bolsonaro, vereador da cidade do Rio de Janeiro e um dos filhos do ex-Presidente, foi um dos alvos da operação.
Segundo comunicado da Polícia Federal, a nova etapa da operação “Vigilância Aproximada” visou “avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas”.
“Nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controlo judicial ou do Ministério Público”, acrescentou a autoridade policial.
Depois das buscas, Bolsonaro disse numa entrevista à CNN Brasil que era perseguido pelo Governo do Presidente, Lula da Silva.
“Eles querem me associar a essa ‘Abin paralela’. Mas não vão encontrar nada. É uma pesca em piscina. Não vão tirar um peixe. Estou sendo perseguido pelo Governo do Lula”, afirmou Bolsonaro à CNN.
A operação “Vigilância Aproximada” é uma continuação das investigações da operação “Última Milha”, realizada no ano passado, que terá obtido provas a partir das diligências executadas pela Polícia Federal, à época, que indicam que um “grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e mediático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal”.
Se os factos apontados nas investigações forem comprovados, os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e intercetação de comunicações sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados pela lei.
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