"Quando nos perguntam qual o tempo de duração do Governo do PS, nós queremos dizer que esse futuro e esse tempo será determinado, fundamentalmente, por aquilo que o Governo fizer a favor dos interesses dos trabalhadores, do povo e do país e não em conformidade com uma política qualquer. A sua durabilidade depende da resposta que dê aos problemas dos trabalhadores e do povo", sublinhou o secretário-geral do PCP.
Num discurso em jeito de balanço de um ano de governação do PS, apoiado pelo PCP e Bloco de Esquerda (partido nunca referido por Jerónimo de Sousa), o líder dos comunistas salientou que as "eleições de 04 de outubro demonstraram essa grande aldrabice que era a eleição para primeiro-ministro".
"Não havia nem há eleições para primeiro-ministro. Há eleições para deputados que depois em conformidade de relação de forças se encontram para encontrar a solução governativa", salientou.
Jerónimo de Sousa acrescentou que "não iludindo dificuldades, nem escondendo divergências que são hoje publicamente conhecidas", o PCP tem trabalhado "afincadamente para encontrar respostas e soluções que pudessem responder a interesses e aspirações mais imediatos e sentidos dos trabalhadores e do povo português".
Desse esforço resultou a "posição conjunta do PS e do PCP sobre a solução política", visando "travar o rumo de empobrecimento e de exploração que vinha sendo imposto aos portugueses".
"É essa posição conjunta que define o nível da convergência e o grau de compromisso. Nem mais, nem menos, que temos com o PS. Temos ouvido o PSD e até o CDS preocupadíssimos com o PCP, que esteja a perder os seus princípios, o seu projeto, até o seu purismo ideológico. Quem haveria de dizer que PSD e CDS estariam preocupados com a pureza ideológica do nosso partido", ironizou.
O secretário-geral disse que iria descansar a oposição de direita: "desiludam-se, o PCP continuará firme nos seus princípios, nos seus objetivos e no seu ideal".
Considerando a intervenção do PCP nestes meses "da nova fase que se iniciou a partir de vitória dos trabalhadores e do povo em 04 de outubro, os grupos parlamentares do PCP e do PEV condicionam das decisões e são determinantes e indispensáveis à reposição e conquista de direitos e rendimentos".
"Nunca estivemos com a tese do quanto pior melhor. Quanto pior, pior. Se o PSD e CDS tivessem continuado no governo dariam cabo do resto e a luta seria muito mais difícil. Assim respondendo a direitos e interesses, dá mais esperança e confiança aos trabalhadores e ao povo para continuarem a sua luta", sublinhou ainda Jerónimo de Sousa.
Um ano depois e analisando a evolução da situação política, "mais segura é a nossa convicção de que tomámos as decisões certas que a nova realidade pós-eleitoral de 04 de outubro exigia", considerou.
Jerónimo de Sousa defendeu ainda que o euro é uma "moeda que é incompatível com a economia nacional" e que existe "uma dívida pública que é uma das maiores do mundo e insustentável para o país" e "uma situação de domínio monopolista sobre os setores estratégicos a começar pela banca".
"A vida está a demonstrar que não há futuro dentro do Euro e das suas regras", afirmou.
"Não é preciso ser economista para perceber que esta moeda não dá. Prejudica uns e beneficia outros, mas não é fonte de coesão e de solidariedade. Portugal precisa da sua própria moeda e do banco central emissor”, rematou.
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