
"Não deve haver cheques em branco à AD", considera Ana Gomes, histórica do PS. "Certo é que o Partido Socialista tem de se regenerar, mudar de políticas e mudar até a forma como comunica. Tem de se rejuvenescer", diz.
"Enquanto isso, é preciso travar o Chega, um partido que quer aproveitar-se das regras da democracia para chegar ao poder e impor a sua vontade, uma ditadura". A começar pelas autárquicas, por isso vê com bons olhos alianças do PS com a AD, se isso significar manter à distância os homens de André Ventura.
Como olha para os resultados eleitorais de 18 de maio?
Naturalmente, com muita tristeza e preocupação pela derrota ferverosa do PS, demonstrando que estávamos errados na perceção dos sentimentos do povo. Com o crescente sentido de responsabilidade de agora ter de arrepiar caminho, o que passa por regenerar o PS.
O processo de regeneração do PS implica não só renovar o pessoal político, abrir-se aos jovens, abrir-se aos novos métodos de comunicação - sabemos que os jovens comunicam pelas redes sociais -, abrir-se absolutamente a todo o tipo de combates sociais no terreno, mas também implica rever algumas políticas do PS dos últimos anos que foram absolutamente neoliberais e não fazem diferença nenhuma ou, se fazem, é uma diferença marginal, como baixar o IRC.
Precisamos de outras políticas, que não continuem a aumentar as desigualdades, incluindo em matéria fiscal, onde reina a maior injustiça. Não me venham falar de gastar mais rios de dinheiro a captar investimento externo, quando não tratamos de incentivar os lucros e as poupanças nacionais a serem investidos em Portugal, em vez fugirem. Se continuamos com a mesma política que desincentiva o investimento nacional e o faz fugir para offshore, estamos a destruir o país e estamos, obviamente, a fazer o jogo da extrema-direita e a aumentar a desigualdade.
Portanto, o PS precisa de se reinventar a muito níveis. Este é um processo para se ir fazendo, com ação - a ideia de que agora paramos todos para reflectir não é viável, o país não para. Precisamos de agir imediatamente e de ir olhando, mas refletir efetivamente em que medida é que as nossas políticas têm de mudar.
Quais as causas da derrota? Porque é preciso perceber isso para regenerar o PS. E foi também uma derrota da esquerda.
Sim, do PS e da esquerda. Há múltiplas causas, umas mais próximas, outras mais afastadas, que têm a ver com o facto de o PS ter sido o partido do poder em três quartos do tempo nestes últimos 30 anos, e ter, na minha opinião, como muitas vezes critiquei, aplicado políticas neoliberais de direita - e se é para aplicar más políticas de direita, então a direita que as aplique.
Não foi só esse o percurso do PS, também fez coisas boas, designadamente na geringonça, quando devolveu rendimentos e recuperou muito do caminho que nos tinha sido imposto pela troika e pela direita mais troikista que a troika, que era a de Passos Coelho.
Mas depois, em particular, e aqui a responsabilidade não é só do PS, é também do presidente da República, que em vez de apostar na geringonça e na dinâmica interna que ela geraria, decidiu precipitar eleições em 2021, as de 2022, completamente despropositadas. Foram as eleições que deram a maioria absoluta ao PS, que foi desastrosa, como aliás eu disse que seria desastrosa. E que mais incutiu no PS a ideia de que tudo podia, desligando-o da realidade e enveredando por um caminho que está na base deste resultado eleitoral, o de afastamento em relação às perceções populares.
O Chega capitaliza no ressentimento e no descontentamento, não propõe soluções. Em 2022, passou de um para 12 deputados, em 2024, de 12 para 50 e agora ainda cresce, embora menos, de 50 para 60 deputados.
Isto reflete o afastamento do PS das perceções de muita gente, em muitos aspetos. Um processo que já vem de trás, em que o PS não percebe que há muita gente a viver muito mal nesta política de baixos salários, de precariedade, de falta de habitação, em que as perceções de insegurança são muito mais do que aquelas que o Chega diz, estão muito para além disso.
Quando olhamos para os países onde esta onde a extrema-direita chegou ao poder o que vemos, estão melhor ou pior?
Penso que estão claramente pior em matéria de direitos, liberdades, democracia, respeito pelos Direitos Humanos, igualdade. Este processo de agravamento do fosso das desigualdades acelera com extrema-direita no poder. É o que estamos a ver noutros países. E é o que, se caminharmos neste mesmo sentido, vamos ver em Portugal.
Mas espero que arrepiemos caminho. Muitas vezes os portugueses refletem tardiamente este tipo de movimentos que acontecem noutros países europeus, outras vezes estão à frente. Quando o 25 de Abril se deu, estivemos à frente da onda de democratização. Não perco a esperança de que possamos estar à frente na linha de reverter o avanço da extrema-direita. Mas isso passará pelo entendimento de que as forças democráticas têm de se unir para barrar o caminho à extrema-direita e para governar doutra maneira, a todos os níveis, ao nível local e ao nível nacional - e no plano europeu, também.
Agora vamos ter um período bastante complicado, mas é aqui que vamos ver se uns e outros arrepiam caminho ou se vão na linha de fazer o jogo da extrema-direita. Porque até aqui fizeram o jogo da extrema-direita, quantas vezes eu não disse que estavam a fazer o jogo da extrema-direita com várias políticas, do PS e também da AD.
Acredita que André Ventura vai conseguir chegar a governo?
Espero que não. Tudo farei para que isso não aconteça, no que estiver ao meu alcance por via democrática, como é óbvio.
O "não é não" de Luís Montenegro ao Chega faz sentido ou só piora as coisas?
É que não se sabe bem o que é esse "não é não". Também não se soube antes, André Ventura não estava a mentir quando disse - ele diz muitas mentiras, mas essa não foi uma delas - que tinha sido abordado pelo primeiro-ministro para negociações no quadro do Orçamento do Estado e não só.
Agora, estranhamente, vemos a AD restringir o "não é não", a dizer que se restringe à formação do governo - nem sequer a dizer, como disse em 2024, que tinha um parceiro privilegiado que era o PS. Agora já não tem.
Vamos ver como vai ser a dinâmica dentro da AD, antes de mais. Porque lá cabe tudo, há gente democrata e há gente com uma agenda neoliberal que, do meu ponto de vista, faz o jogo da extrema-direita. Há gente séria e também há gente pouco séria, a começar pelo primeiro-ministro.
O PSD está tão refém do Chega como do PS. A pergunta é: o PS prefere dar a mão ou voltar costas à AD? Engolir alguns sapos ou fazer passar a extrema-direita?
Prefere que a AD não esteja refém do Chega e que governe bem e que governe em articulação com as forças políticas democráticas.
Pedro Nuno Santos disse que o papel de suporte do governo não deve caber ao Partido Socialista. Faz sentido?
O que entendo é que o PS não deve passar um cheque em branco à AD, porque isso era demitir-se do seu papel de oposição séria, é dar ao Chega o exercício da oposição. Se o PS estivesse a tornar-se à partida muleta incondicional da AD, estaria a fazer o jogo do Chega, que neste momento tem um objetivo, destruir a AD. Isto seria um jogo contrário aos interesses da democracia.
Uma oposição séria e responsável é uma oposição que diz: a AD ganhou as eleições, governa agora. O PS deve passar o Programa do Governo, não se põe a questão de o rejeitar, mas depois deve avaliar medida a medida se servem o país ou se pervertem e fazem o jogo da extrema-direita.
Haverá matérias que o PS pode apoiar. O PS não pode, à partida, dizer que viabiliza um orçamento sem sequer o conhecer, mas o orçamento é negociável, há medidas que são negociáveis.
Não há aqui um "não é não" do PS à AD?
O PS nunca disse não é não à AD. Pedro Nuno Santos nunca disse não é não à AD. Viabilizou a formação do governo, viabilizou a aprovação do presidente da Assembleia da República, viabilizou várias medidas, viabilizou o Orçamento do Estado. O PS mostrou-se disponível e é evidente que tem de continuar nessa linha. Agora, isso não é ser muleta acrítica, não é passar cheques em branco.
Há matérias que o PS não pode aceitar. Por exemplo, a questão da revisão constitucional, que foi logo posta na mesa pela IL e pelo Chega, não penso que o PS possa inviabilizar um processo de revisão constitucional - não pode nem deve -, até porque ela é necessária em algumas matérias que até já estavam a ser objeto de discussão, como os metadados ou o estatuto de emergência sanitária.Agora, há linhas vermelhas em relação à revisão constitucional de que PS não pode, de maneira nenhuma, abdicar.
Quais?
Haverá várias, mas as essenciais são as questões relacionadas com a defesa do Estado social, o Serviço Nacional de Saúde, a Segurança Social, e as questões relacionadas com os direitos fundamentais. Prisão perpétua?! Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a prisão perpétua, em 1884. Jamais, tem de haver linhas vermelhas do PS. Numa negociação que é, obviamente, feita com a AD e com os outros países democráticos.
Aliás, outra prova de que o PS não pode nunca ter uma atitude de não é não em relação à AD ou a forças democráticas, tem é de as puxar para serem favoráveis ao país, é, por exemplo, uma política de alianças já para os próximos desafios eleitorais, designadamente para as autárquicas.
Do meu ponto de vista, o PS devia estar já a trabalhar em alianças, à direita e à esquerda, com todas as forças que possam garantir que há governação democrática em diversos municípios: Lisboa, Porto, Sintra, Alentejo. Não me chocaria que o PS se aliasse à AD em alguns municípios para travar que caíssem para a banda de Ventura - que pede uma oportunidade e percebemos, até pela qualidade das pessoas que ele tem, que é uma oportunidade para roubar, para desgovernar.
É preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma, como dizia Lampedusa?
Espero que não, espero que isto determine uma introspeção com humildade por parte do PS, porque é a única maneira de fazer o que já fez no passado. O PS já teve duas pesadíssimas derrotas no passado e acabou por recuperar.
Acho que a situação não é de baixar os braços, pelo contrário, é de redobrar esforços.
O Chega congrega pessoas do CDS, PSD e, agora, também do PS, os tais que têm governado e frustrado as expetativas dos eleitores, e ainda eleitores do PCP, juntando esquerda e direita. Primeiro, se vêm de partidos que já foram governo, o que podem fazer diferente? Segundo, esta amálgama esquerda/direita é compatível ou haverá um tempo em que as políticas são inconciliáveis?
Primeiro de tudo, faço uma distinção entre os quadros do Chega, onde prepondera André Ventura (é um partido muito unipessoal) e as pessoas que votaram no Chega. E não desprezo, de maneira nenhuma, as pessoas que votaram no Chega, são pessoas, povo, que está ressentido, zangado, que tem razões objetivas e subjetivas para exprimir um voto de protesto nos partidos de poder, que não tiram o país da cepa torta e que as pessoas consideram responsáveis pela sua situação difícil.
O grande desafio para os partidos democráticos é voltar a captar o apoio dessa enorme massa, mais de um milhão, pessoas que saíram dos partidos democráticos de todos os quadrantes (PCP, PS, PSD e CDS), além dos que vieram da abstenção e sempre tiveram noutro campo, ou desinteressados, ou conta a democracia. Isso implica voltar a credibilizar a política democrática.
Não tenho a mais pequena dúvida em relação a quem está por trás de André Ventura, dos quadros do Chega e que animou a formação do Chega, que é o piorio do empresariado, não só a nível nacional, como internacional, com ligações e apoios internacionais. Basta ver quem são os financiadores do Chega antes do Chega ter dinheiro do Estado para crescer.
Esses são gente com uma agenda claramente antidemocrática. E, não tenho dúvidas nenhumas, André Ventura é apenas um instrumento, é um banha da cobra que vende tudo e o seu contrário, como já demonstrou ao longo da sua vida, com grande capacidade.
Nesse aspeto, continuo a dizer que acho inqualificável que, do Tribunal Constitucional ao presidente da República, passando pelo primeiro-ministro António Costa, ninguém tenha mexido um dedo quando o Chega se legalizou com uma agenda antidemocrática, anticonstitucional. É evidente que a partir do momento em que passam a ter representação parlamentar a coisa mudou de figura.
Mas é inacreditável que ainda hoje o Ministério Público, que é tão lesto a abrir processos por isto e aquilo, não abra processos por manifestas expressões de ódio, contrárias às leis e à Constituição da República Portuguesa, como seja aquele sujeito que hoje é deputado eleito pelo Chega e que fez posts a congratular-se com a morte de um cidadão português cabo-verdiano, além de todo o incitamento ao ódio e à violência contra segmentos da população como os ciganos ou os emigrantes. Na lógica do Chega, D. Afonso Henriques não era português originário, era imigrante.
Sem mudar uma vírgula em relação ao incitamento ao ódio, a comunidade cigana é ou não um estado dentro do Estado?
Mas isso é, sobretudo, responsabilidade dos partidos democráticos. Ainda por cima há dinheiro a rodos da União Europeia para fazer o trabalho de integração que foi feito em Espanha, por exemplo. Um trabalho que não foi feito em Portugal por resistência de muita gente, até do PC, no Alentejo, que sempre foi atrás de uma retórica discriminatória e pôs a comunidade cigana à margem.
O caso da comunidade cigana é o exemplo de uma grande falha do sistema democrático e dos partidos do arco democrático, independentemente da retórica e independentemente dos organismo que criaram, mas que não fizeram o trabalho que deviam ter feito. Quer melhor demonstração disso do que entregar o tratamento das questões ligadas à comunidade cigana à AIMA [Agência para a Integração, Migrações e Asilo]? Mas as comunidades ciganas não são estrangeiras, são portuguesas.
O que acontece ao Chega sem André Ventura?
Não sei. Não me preocupo com isso, isso é um problema do Chega. O que vejo é uma instrumentalização absurda e sem escrúpulos de tudo aquilo que permita vitimizar-se e suscitar adesão emocional dos portugueses. Mas aí a responsabilidade não é só dele, é também daqueles que lhe dão amplificação, nomeadamente os media - aliás, ainda ontem li um artigo internacional que, citando estatísticas, demonstrava que a CNN foi a cadeia de televisão que mais promoveu André Ventura desde que ele apareceu.
Luís Montenegro tem razões para estar feliz ou nem por isso?
Luís Montenegro teve uma vitória de Pirro, também por causa da Spinumviva, porque depois de um ano a distribuir o bodo aos pobres, com os cofres cheios que Costa lhe deixou, esperar-se-ia que a AD tivesse muito melhores resultados, designadamente a maioria absoluta. Não a teve porque muitos portugueses percebem o significado desastroso para a ética e para a vida política de ter um primeiro-ministro que estava a receber avenças de várias companhias, através de uma empresa que, de resto, não declarou. Os conflitos de interesse são absolutamente gritantes e chocantes.
É verdade que Luís Montenegro reforçou a maioria, mas é uma maioria que, por si só, não lhe permite governar com a liberdade que quereria, nem sequer consegue fazê-lo com a IL. O que implica que tenha de negociar.
Mais, as circunstâncias em que vai governar são muito diferentes daquelas em que governou durante o último ano, que foi de campanha eleitoral e de distribuição. Já não tem os cofres cheios, tem a economia a contrair, tem a União Europeia apreensiva com o cumprimento dos critérios, que hoje são diferentes dos anteriores, a despesa primária líquida é o critério dominante, acrescido da necessidade de investir na defesa. E as condições internacionais, muito dramáticas, vão implicar escolhas importantes, onde não concebo que se articule com o Chega, é com as forças democráticas que o governo tem de se articular em relação, por exemplo, às questões da guerra e da paz.
À saída da reunião com o presidente da República, na quarta-feira passada, Rui Tavares sugeriu que a esquerda se unisse para ganhar ao Chega nas autárquicas e que, a haver alterações à Constituição, elas precisem de três quartos dos votos favoráveis, em vez dos dois terços exigidos por lei. Há uma democracia boa e uma democracia má?
Não. Mas não podemos ser ingénuos conhecemos muito bem o chamado paradoxo da democracia. O Chega e as direitas-radicais valem-se do sistema democrático para chegar ao poder e destruir a democracia. Sem escrúpulos nenhuns de, pelo caminho, semear ódio e divisão e espalhar mentira. Não podemos ser ingénuos e facilitar-lhes a vida.
Rui Tavares tem razão quando propõe alianças para as autárquicas, há pouco também o disse. E as alianças devem ser com todas as forças democráticas, não me choca que numa determinada municipalidade onde a possibilidade de impedir o Chega de chegar à governação implique uma aliança com a AD, se faça essa aliança.
Em relação à história dos três quartos para rever a constituição, as regras são as que estão, não há que criar novas regras, há que criar procedimentos na cabeça dos principais actores políticos, que neste caso são os partidos democráticos, de que há linhas vermelhas que não são ultrapassáveis e que é impensável fazer determinados negócios com o Chega quando esses negócios violam o espírito democrático da constituição.
Mas a questão da revisão constitucional não é uma prioridade. Tem de se fazer, há matéria, como já disse, que o exige. Mas não é prioridade, prioridade é a boa governação.
Não houve até agora coragem para mudar o sistema eleitoral. Precisamos de um novo sistema eleitoral?
Sim, do meu ponto de vista sim. E isso tem de se fazer com calma, com reflexão, com articulação. Sabemos hoje que há muitos portugueses cujo voto não conta, e a ideia do círculo de compensação é uma questão que importa. Também há muitas coisas em que podíamos fazer mais e melhor pelo círculo dos emigrantes, para mais pessoas votarem. Como há muitas coisas do mecanismo eleitoral que podemos melhorar, embora no essencial funcione.
Daqui a cinco meses temos eleições autárquicas, depois virão as presidenciais. Mas daqui a um ano podemos estar outra vez em eleições.
O PS pode vir a ser um partido do táxi, como foi o CDS?
Se olharmos para o que se passe noutros países europeus, foi esse o processo que aconteceu. Aconteceu com o Pazok [Grécia], com PSF, o Partido Socialista Francês. Espero que não, acho que o PS é um partido indispensável e central na democracia portuguesa. E pode recuperar, como já recuperou no passado, não está condenado ao desaparecimento.
Mas isso implica que o PS saiba fazer o confronto das ideias e das análises, que são normais em democracia, sem cortar pontes e não se esfrangalhando.
Quem pode liderar o PS, José Luís Carneiro?
Pode. Penso que tem algumas características pessoais a favor. Para já, acho que foi corajoso em imediatamente ter-se chegado à frente, isso é meritório. Depois, é uma pessoa que sabe ouvir, tem não só experiência de governo, como tem experiência internacional, integrou o Comité das Regiões da União Europeia. Tem o conhecimento do terreno, tem experiência autárquica, que é muito importante, percebe a importância de reconetar o PS com os problemas dos cidadãos, com o rejuvenescimento - não há partido que tenha futuro se não tiver jovens. Vamos ver, as posições não serão apenas as do secretário-geral, serão também as posições concertadas pela direcção do partido.
Seria bom que houvesse mais candidatos?
Acho que seria importante, sem prejuízo da rapidez na escolha do secretário-geral, que o processo se fizesse com várias candidaturas, não só com uma candidatura única. O PS sairia reforçado se houvesse competição democrática.
Nesse sentido, não me junto àqueles que estão a criticar José Luís Carneiro por imediatamente se ter chegado à frente, porque acho que está a fazer um serviço ao país e ao partido, critico é aqueles que não se chegam à frente, podendo e tendo aspirações.
O que é que os impede?
Não sei, terá de lhes perguntar. Haverá diferentes razões para as pessoas que têm ambições a um dia virem a ser secretário-geral do PS não se candidatarem, todas certamente respeitáveis. Mas haverá também uma boa dose de calculismo, já vimos esse filme. Eu vi o filme quando António Costa mandou o Assis para a frente de António José Seguro. Claramente mandou o Assis para a frente porque entendeu que aquele não era o timing, ia ter de apanhar os cacos de Sócrates. Depois, quando chegou a altura, deu-lhe a estocada.
Uma coisa é certa, este era o tempo. Eu faço apelo a quem acha que tem condições para ser secretário-geral do PS para ir a jogo. Eu não, que nunca tive aspiração, neste momento só tenho cartão, já nem militante sou. A partir do momento em que me candidatei à Presidência da República sem ter o apoio do PS... Dou a minha opinião e faço a minha intervenção cívica. Mas quem tem ambição deve chegar-se à frente, pôr-se ao serviço do PS mesmo que perca, isso só enobrece.
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