
Poucos meses após a estreia de Branca de Neve (2025), a Disney lançou, na passada quinta-feira, Lilo & Stitch (2025), mais uma versão live-action de um dos clássicos da companhia, e claro que as críticas não tardaram.
O filme ainda não tinha entrado em produção e os fãs nativo havaianos já tinham manifestado o seu descontentamento com o casting da atriz que protagonizou Nani, a irmã mais velha de Lilo, acusando a Disney de colorismo.
Ao longo dos anos, a Disney tem procurado levar à grande tela as mais diferentes culturas. Da Mulan à Moana, a multinacional tem representado histórias de todas as partes do mundo, construindo um legado que representa as crianças de ontem e de hoje. E é por esta mesma razão que os espectadores não hesitam a comentar quando a Disney erra ou insulta comunidades.
Mas falemos do filme. Lilo & Stitch estreia agora num mundo um pouco diferente de 2002. As pessoas já criaram laços com as personagens e procuram reconectar-se com uma história que lhes é querida, agora em imagem real, o que leva a que o filme já tenha gerado, numa semana, cerca de 370 milhões de euros a nível mundial, muito mais do que o original.
Tal como no clássico, a narrativa acompanha uma menina havaiana solitária, Lilo, que faz amizade com um alienígena fugitivo, a experiência 626 ou, como o conhecemos, Stitch, que a vai ajudar com a sua família fragmentada.
Com a visão de Dean Fleischer Camp, realizador conhecido pelo encantador Marcel the Shell with Shoes On (2021), o filme tenta replicar ao máximo a magia do clássico de 2002, mas é difícil. A beleza da animação está nessa dificuldade. O mundo criado para a animação é especial pela sua unidimensionalidade, pelas cores e pelos seres que só fazem sentido quando são desenhados. Há detalhes que não se traduzem para um formato live-action e é por isso que muitos fãs pedem um intervalo às produtoras. Os espectadores querem histórias originais, como Turning Red (2022), Luca (2021) ou Coco (2017), e não prequelas, sequelas e inúmeros remakes.
No entanto, não podemos deixar de falar dos pontos positivos desta versão. O casting de Lilo é um deles. Com uma representação perfeita, uma energia radiante fora do ecrã, e uma profunda apreciação pela cultura havaiana, a amorosa Maia Kealoha tem sido uma verdadeira pérola, adicionando uma camada de autenticidade e diversão à personagem.
Outro ponto que não conseguimos deixar de falar é o espírito de ohana e de união que nos conquista enquanto vemos Lilo & Stitch. Nem sempre a família que nos rodeia é constituída por pessoas com quem partilhamos ADN, e é muito especial que este filme, com o extraterrestre mais adorável do mundo, seja, ele mesmo, uma genuína mensagem do sentimento e da ideia de família.
Bem, mas Lilo & Stitch (2025) não sai muito daquilo que a Disney nos tem habituado e apresentado nos últimos tempos. É apenas mais um filme que deriva de um clássico dos anos de “glória” da multinacional, que continua a divertir aquele que é o público mais importante, as crianças, mas que, inevitavelmente, desilude os fãs die-hard deste universo tropical.
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