
Alguns representantes ficaram indignados ao saber de um acordo entre o herdeiro de 81 anos e o ex-presidente da Câmara conservador para escavar um túnel subterrâneo no Kapuzinerberg, uma colina em terreno municipal.
A ecologista Ingeborg Haller, que lidera o protesto, denuncia que o contrato foi feito "às escondidas, no mais absoluto segredo", e rejeita qualquer "favor aos super-ricos".
Além disso, o projeto ocorre num "ambiente natural sensível, no coração de um local declarado Património Mundial pela Unesco".
Graças a esse túnel de 500 metros, o herdeiro da família Porsche quer ter um acesso mais fácil à sua casa, adquirida em 2020 e atualmente em renovação, desta forma não precisa de usar a estrada estreita que leva ao topo, coberta de gelo durante os invernos e muito frequentada por turistas e excursionistas no verão.
O escritor judeu Stefan Zweig viveu ali entre 1919 e 1934 e escreveu algumas das suas melhores obras antes de fugir de sua pátria perante a ascensão do nazismo.
Para obter a permissão, o presidente do conselho de supervisão do gigante automobilístico pagou 40 mil euros no ano passado.
"Teria sido mais prudente informar antes a opinião pública", declarou na sexta-feira à AFP Christian Hacker, chefe de gabinete do novo Presidente da Câmara social-democrata.
O túnel é "moralmente aceitável e condizente com os tempos? Não cabe a mim julgar", mas o procedimento foi realizado conforme as normas, disse o atual autarca, lembrando que "todos os homens são iguais perante a lei, independentemente da espessura da sua carteira".
Perante as críticas, a cidade encomendou um estudo a um especialista, que considerou adequado o valor pago pelo direito de passagem, segundo um relatório publicado esta semana.
Quanto ao desejo do bilionário de construir um estacionamento com 10 a 12 vagas, isso exigirá uma modificação do plano urbanístico, que precisa de ser aprovado pela autarquia numa reunião prevista para 14 de maio.
Contactado pela AFP, um representante de Wolfgang Porsche recusou-se a comentar "um assunto privado", sem qualquer relação com a Porsche, empresa que pertence ao grupo Volkswagen.
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