Uma revolução por dia, nem sabe o bem que lhe fazia

Tomás Albino Gomes
Tomás Albino Gomes

Sempre gostei da palavra revolução. Desde pequeno que a gosto de dizer, é forte, é um rabanada de vento, é própria das gentes insatisfeita com o estado das coisas. É bruta, é nova, é inconformada. É perfeita.

Nascido em 1995, perdi quase todas as grandes revoluções do mundo que hoje me dão uma vida tranquila. Fiquei com direito às pequenas revoluções, as minhas e as que fossem acontecendo aqui e ali.

E se as minhas me fazem estremecer, inquietam-me, fazem-me passar noites em branco, as outras entretém-me como nenhuma outra coisa. Foi assim que assisti a mais uma revolução adiada pelo PSD ontem à noite, com a vitória de Rui Rio sobre Luís Montenegro, e já hoje no Livre, uma inviabilidade que quando explodir não trará nada de positivo para ninguém.

No capítulo das revoluções que caíram hoje, está também o concerto cancelado de Madonna no Coliseu dos Recreios esta noite. Não sou fã da Rainha da Pop, mas admito a beleza de ensaiar e repetir dezenas de vezes uma revolução em palco.

Ronaldo continua a sua senda de jogos consecutivos a marcar. Mas isso só é revolucionário para todos os outros avançados de 34 anos anos que não se chamem Cristiano Ronaldo.

Quando a noite já tinha tomado o dia, num momento em que parecia que já não havia nada para celebrar hoje, eis que o Expresso e o The Guardian invadem as notificações do meu telemóvel para me darem conta de um grande trabalho de investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas sobre a fortuna mal explicada da empresária angolana Isabel dos Santos.

Quem disse que já não há camaradagem e sentido de classe?

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