Foi assim que um homem reagiu à rejeição de uma mulher: à facada. Ela morreu. Ele será preso, imagino — uns anos, talvez. Mas que formação oferecerá o sistema prisional? Ensinará a relacionar-se de forma saudável com mulheres? Duvido. A prisão, sabemos, raramente é um espaço de reeducação emocional ou de desconstrução de masculinidades tóxicas. Quando sair, o que o espera? Não farei futurologia — deixo à imaginação.

Mais do que os comentários habituais — do “ela pôs-se a jeito” ao “o que esperava ela?” —, o mais chocante é o vídeo que circula. Nele vemos três coisas: um homem transtornado a atacar; cidadãos apanhados no momento, imobilizados pelo medo; e um segurança que se mantém à margem. O medo é legítimo. Todos o sentimos. Muitas vezes, é ele que nos salva. Mas, neste caso, o medo permitiu que uma mulher fosse esfaqueada mais de cem vezes. Mais de cem.

O ponto a que chegámos — de zanga, de ódio e de violência contra as mulheres — é insuportável. É perigoso. Há homens que não sabem lidar com a crescente autonomia feminina — económica, emocional, sexual. Um "não" transforma-se numa afronta pessoal. Uma rejeição, numa ameaça à sua identidade. Afinal, pensam eles: não devíamos ser os protetores, os que mandam, os que pagam? Agora estudam mais do que nós, ganham o vosso dinheiro, escolhem — e descartam. Pois é. O empoderamento feminino é real. E devia ser celebrado.

Mas alguns preferem reagir com facadas.