De acordo com dados provisórios do Banco de Cabo Verde (BCV), consultados hoje pela Lusa, em 31 de agosto o stock de crédito sob o regime das moratórias era de 10.866,1 milhões de escudos [98,6 milhões de euros], correspondendo a menos 16.037 milhões de escudos [145,5 milhões de euros] face a dezembro de 2021 e "representando 8% do stock agregado do crédito à economia e aos governos locais".

Na mesma data, o regime das moratórias de crédito beneficiava um total de 177 entidades e 269 contratos.

O BCV esclarece ainda que este montante de crédito em moratória "é exclusivamente de empresas", a "maior parte" privadas, e sobretudo dos setores de alojamento e restauração (49%), de atividades imobiliárias (21,1%), de distribuição de água e saneamento (16,4%) e transportes e armazenagem (6,7%).

O Governo cabo-verdiano aprovou em março passado uma prorrogação da moratória ao crédito bancário por mais seis meses, até 30 de setembro deste ano, mas que se aplica apenas ao reembolso de capital e essencialmente às empresas ligadas ao setor do turismo.

Quase 20% do crédito concedido pelos bancos em Cabo Verde estava abrangido no final de 2021 pelo regime de moratórias, segundo dados anteriores do banco central. Beneficiava então um total de 1.760 entidades, contra as 2.100 no final de 2020, enquanto o número de contratos cobertos desceu de 2.717 para 2.306 naquele mesmo período.

O volume de crédito sob o regime das moratórias em Cabo Verde cifrou-se, no final de 2021, em quase 25.679 milhões de escudos (233 milhões de euros), representando 19,4% do 'stock' agregado do crédito à economia e aos governos locais, quando em 31 de dezembro de 2020 era de 21,6%.

Entretanto, o BCV também prorrogou até setembro de 2022 as medidas prudenciais para o setor bancário, lançadas em 2020 para mitigar as consequências económicas da pandemia de covid-19, anunciou anteriormente a instituição.

O sistema bancário cabo-verdiano conta atualmente com oito bancos comerciais.

"Este novo pacote de prorrogação suplementar e que vigora por um período de seis meses é exclusivamente no que se refere à suspensão do reembolso de capital", anunciou em 01 de abril o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, sobre a aprovação da medida, em Conselho de Ministros, precisamente quando terminou o período de extensão anterior da moratória, enquanto medida de mitigação das consequências económicas da pandemia de covid-19.

"O Governo continua a ir ao limite das possibilidades do Estado de Cabo Verde para proteger o tecido empresarial nacional, não obstante a complexidade do cenário atual", acrescentou.

Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do PIB do arquipélago - desde março de 2020, devido às restrições impostas para controlar a pandemia de covid-19.

O país registou em 2020 uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, e um crescimento económico de 7% em 2021, impulsionado pela retoma da procura turística no quarto trimestre.

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