O anúncio de Mette Frederiksen ocorre após o bloco de centro-esquerda, que a apoia desde 2019, ter mantido a sua maioria no Parlamento por um único lugar.

Em teoria, a líder social-democrata, de 44 anos, poderia ter permanecido no poder como chefe de um governo minoritário. Entretanto, a primeira-ministra disse que cumprirá as promessas feitas anteriormente e tentará formar uma coligação de governo mais ampla que inclua partidos de centro-direita.

"Estou feliz, orgulhosa e grata", disse Mette Frederiksen.

"Foram alguns anos muito difíceis para ser primeira-ministra: primeiro a pandemia, agora a inflação. Muita coisa indicava que um governo em exercício não conseguiria a reeleição", declarou a primeira-ministra.

Mette Frederiksen entregou a sua renúncia hoje à rainha Margrethe, a monarca da Dinamarca, e permanecerá como primeira-ministra interina até que um novo governo seja formado.

A primeira-ministra convocou a eleição no mês passado, ainda em plena controvérsia pela decisão do seu governo de abater milhões de martas como medida de resposta à pandemia. O abate e as imagens arrepiantes de valas comuns de visons assombram o governo de Frederiksen desde 2020 e acabaram por levar a divisões no bloco de centro-esquerda.

Na terça-feira, os sociais-democratas conquistaram 28% dos votos, ou 50 assentos no Parlamento dinamarquês de 179 cadeiras. As sondagens e os primeiros resultados sugeriram que os partidos de centro-esquerda juntos não reuniriam os 90 assentos necessários para a maioria. O bloco estava com um assento a menos até ao final da contagem de votos, quando o assento decisivo foi conseguido.

O recém-formado partido Moderado -- do ex-primeiro-ministro Lars Løkke Rasmussen - ganhou nove por cento dos votos ou 16 lugares, de acordo com a contagem de votos.

Løkke Rasmussen, duas vezes líder do governo que perdeu as eleições de 2019 para Frederiksen e abandonou o partido liberal de centro-direita após uma luta interna pelo poder, disse que apoiaria a tentativa de Frederiksen de formar um governo, mas não necessariamente a política como primeira-ministra.

"Sei com certeza que a Dinamarca precisa de um novo governo (...). "Quem se vai sentar à ponta da mesa? Não sabemos", disse Rasmussen aos seus apoiantes em Copenhaga.

Os resultados das eleições na Gronelândia, um território autónomo dinamarquês que tem dois assentos na legislatura, confirmaram hoje que o bloco de centro-esquerda teria uma maioria [por um único assento] no Parlamento.

Alguns dos ex-parceiros de Frederiksen expressaram o desapontamento por a primeira-ministra ter optado por procurar uma coligação mais ampla em vez de continuar a governar com o apoio do centro-esquerda.

Frederiksen disse que uma ampla coligação estaria melhor posicionada para enfrentar grandes desafios, como a inflação, alterações climáticas e falhas no sistema público de saúde.

Antes da eleição, os líderes da oposição Jakob Ellemann-Jensen, dos liberais, e Søren Pape Poulsen, dos conservadores, rejeitaram a ideia de unir forças com Frederiksen, dizendo que pretendiam formar um governo de centro-direita. O bloco de centro-direita conquistou 73 cadeiras, bem aquém da maioria, depois de um fraco desempenho dos liberais.

Frederiksen, que se tornou a primeira-ministra mais jovem da Dinamarca quando assumiu o cargo em 2019, aos 41 anos, uniu-se à oposição para aumentar os gastos de defesa da Dinamarca, membro da NATO, após a invasão da Ucrânia pela Rússia. A sua liderança firme durante a pandemia da covid-19 foi parcialmente ofuscada pelo episódio de abate de visons.

A decisão de abater até 17 milhões de visons para proteger humanos de uma mutação do coronavírus foi tomada à pressa e sem a legislação necessária em vigor. Foi um golpe devastador para os agricultores de visons dinamarqueses, embora não houvesse evidências de que o vírus mutante encontrado entre alguns animais fosse mais perigoso do que outras variantes.

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