"Não escondemos que houve problemas, mas a avaliação da concessão é basicamente positiva. O modelo é um modelo positivo", afirmou o chefe do Governo, Ulisses Correia e Silva, durante o debate mensal com o primeiro-ministro, na Assembleia Nacional, na Praia.

"Estamos a trabalhar a revisão do contrato de concessão, neste momento, para melhorarmos quer os níveis de serviço, quer o nível de performance financeira na relação entre o Estado e a concessionária e só temos um caminho para a frente, que é melhorar ainda mais o nível da ligação das nossas ilhas, quer pelo ar quer pelo mar", acrescentou Ulisses Correia e Silva, após os deputados da oposição terem voltado a criticar o serviço prestado pela concessionária dos transportes marítimos.

A CV Interilhas, liderada (51%) pela portuguesa Transinsular, do grupo ETE, detém desde agosto de 2019 a concessão do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga, por 20 anos, e concentra estas operações - que desde março passado envolvem também um operador marítimo privado local com ligações regulares entre Santo Antão e São Vicente - tendo admitido anteriormente que a pandemia representou uma quebra de 30% na atividade em 2020.

O contrato de concessão prevê a subsidiação da operação pelo Estado, tendo em conta a garantia de cobertura da concessionária às linhas deficitárias em termos de rentabilidade, para assegurar a regularidade das ligações, entre outras condições.

Só a CV Interilhas transportou cerca de um milhão e meio de passageiros em três anos de operações no arquipélago, segundo dados divulgados em agosto à Lusa pela empresa, apesar dos constrangimentos verificados em julho, que levaram à paragem de três dos cinco navios da frota.

Entretanto, os portos cabo-verdianos movimentaram um recorde histórico de 181.420 passageiros no transporte marítimo interilhas apenas em agosto passado, aumentando ainda quase 40% face ao mesmo mês de 2021, segundo dados oficiais divulgados anteriormente pela Lusa.

De acordo com o relatório mensal de tráfego da Enapor, empresa pública responsável pela gestão dos nove portos do arquipélago, o registo de agosto representa também um aumento de 7,6% face ao mês anterior, de julho (130.076), que já tinha sido o valor mensal mais elevado do ano, mantendo a recuperação das fortes quebras desde 2020, quando as viagens interilhas de passageiros foram condicionadas pelas medidas para conter a pandemia de covid-19.

O anterior máximo histórico no transporte marítimo interilhas tinha sido registado precisamente em agosto de 2021, com um movimento global de 168.901 passageiros.

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