Meloni protagonizou hoje a sua primeira conferência de imprensa como primeira-ministra, para informar sobre as medidas aprovadas e comunicar a nomeação de 31 subsecretários e oito vice-ministros.

Neste primeiro conselho de ministros, foi aprovado o fim a partir de terça-feira, 01 de novembro, da obrigatoriedade de vacinação dos profissionais de saúde contra a covid-19 em Itália, apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter alertado de que a pandemia não acabou, está a aumentar o número de casos de infeção, de hospitalizações e de mortes e de que existe uma correlação cientificamente comprovada entre temperaturas ambientes mais baixas e uma maior propagação do coronavírus SARS-CoV-2.

Contudo, o novo ministro da Saúde italiano, Orazio Schillaci, sustentou, na conferência de imprensa: "O panorama epidemiológico mudou, em particular a partir dos dados, podemos ver que o impacto nos hospitais é limitado e há uma diminuição das infeções e estabilização dos hospitais".

A medida, muito criticada pela oposição, servirá também para reintegrar nos seus postos de trabalho cerca de 4.000 médicos e outros profissionais de saúde que não quiseram vacinar-se contra a covid-19 e ficaram, por isso, suspensos sem vencimento.

"Há falta de pessoal médico: portanto, o regresso destes médicos não-vacinados ao trabalho serve para combater a escassez e garantir o direito à saúde", acrescentou o novo ministro da Saúde.

"Não há uma abordagem ideológica da pandemia", disse a primeira-ministra italiana, que atacou a gestão do anterior executivo, assegurando que "houve uma infinidade de medidas tomadas pelos Governos que não estavam assentes em provas científicas".

A reação do secretário-geral do progressista Partido Democrata (PD), Enrico Letta, foi: "O primeiro ato do Governo é premiar os antivacinas".

Por outro lado, Meloni defendeu que "a luta contra o crime organizado é um dos objetivos do Governo", razão pela qual foi aprovada uma lei que não permite conceder benefícios penitenciários aos presos ou reclusos que não colaborem com a Justiça.

Também foi adiada para 30 de dezembro a entrada em vigor do decreto legislativo com a reforma do processo penal aprovado pelo anterior Governo, para se poder fazer algumas melhorias, tendo o ministro da Justiça, Carlo Nordio, garantido que "não existe risco de perder os fundos europeus" relacionados com tais reformas.

Outra das medidas do novo Governo italiano é a criação de um novo crime, "o de invasão para reuniões perigosas", que se refere à organização, entre outras coisas, de festas ilegais, as chamadas 'raves', como a última que se realizou em Modena (centro), em relação à qual o Ministério do Interior ordenou hoje à polícia que fosse evacuar o local onde decorria.

"Acreditamos, como acontece noutros países e noutras áreas, que a norma, uma vez implantada, possa ser um elemento dissuasor destes eventos", explicou o ministro do Interior, Matteo Piantedosi, sublinhando que a sanção para quem "organiza" uma 'rave' varia entre três e seis anos de prisão.

Na opinião de Meloni, este vazio legal permitia que os jovens de toda a Europa escolhessem Itália para organizar estas festas ilegais.

Entretanto, quanto à nomeação hoje anunciada na mesma conferência de imprensa de subsecretários e vice-ministros do novo Governo, um deles, o vice-ministro das Infraestruturas e Transportes, Galeazzo Bignami, membro do partido de extrema-direita -- ou "pós-fascista", como a líder, Giorgia Meloni, prefere que lhe chamem - Irmãos de Itália (FdI), é mais conhecido por uma foto datada de 2005 em que surge envergando uma farda nazi e uma faixa das SS no braço.

O Governo de coligação dirigido por Meloni, que tomou posse a 22 de outubro, é o mais à direita em Itália desde 1946. Após uma vitória histórica dos FdI nas legislativas antecipadas de 25 de setembro, esta romana de 45 anos tornou-se a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra no país e subiu ao poder exatamente um século após o ditador Benito Mussolini, de quem chegou a confessar-se admiradora.

Com os seus parceiros de coligação, o dirigente populista e anti-imigração da Liga, Matteo Salvini, e o líder do Força Itália, o polémico ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, Giorgia Meloni dispõe de maioria absoluta nas duas câmaras do parlamento: Câmara dos Deputados e Senado.

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