"Nós estamos a prever um crescimento para 2023 de 4,8%, em função da evolução do cenário externo, mas temos condições para crescermos acima disto, se o cenário externo não se deteriorar e nós aproveitarmos bem as janelas de oportunidades que temos", afirmou o também ministro das Finanças, ao ser ouvido pela Comissão Especializada de Finanças e Orçamento (CEFO) da Assembleia Nacional, no âmbito da Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2023.

Para o número dois do Governo, o quadro de previsão de crescimento de 4,8% é "moderado", já com maior dinâmica do turismo, mas podem ser ajustadas, em função do contexto internacional.

Como referência, o também ministro do Fomento Empresarial recordou a recessão histórica de cerca de 15% em 2020, devido aos efeitos da pandemia de covid-19, mas invertido em 2021, com um crescimento de 7%, enquanto para este ano espera um crescimento "entre 8% e dois dígitos".

Na sua intervenção, Olavo Correia reafirmou que o Orçamento de Estado para o próximo ano incide na retoma económica, mas ainda condicionado pelas incertezas a nível externo.

E para o próximo ano, apontou como grandes prioridades a aceleração da agenda de reformas, nomeadamente na transição digital e energética, na economia circular, na economia azul, na mobilização da diáspora e na consolidação da democracia do país.

Quanto à inflação, as previsões apontam para 7,9% este ano, mas que diminui para 3,7% em 2023.

Para o próximo ano, o vice-primeiro-ministro previu ainda uma redução do saldo orçamental na ordem dos 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB), contra 7,5% em 2021, 9,1% em 2020 e 6,3% este ano.

"Temos que dar este sinal ao mercado que estamos a trabalhar nesse sentido", afirmou o ministro, ouvido pela comissão especializada, presidida pelo deputado António Fernandes, do grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição).

Também frisou a redução da dívida pública ao longos dos últimos anos, chegando a 133% do produto interno bruto (PIB) no próximo ano, contra 138% este ano, considerando ser importante o país continuar nessa trajetória.

O vice-primeiro-ministro sublinhou ainda a confiança no país, na governação e nas suas instituições, não obstante as crises, de parceiros de desenvolvimento, de investidores e também dos emigrantes, cujos depósitos representam 30% do PIB e as remessas atingem 15% da riqueza do país, três vezes mais do que o investimento direto estrangeiro.

"Ou seja, nós só conseguimos garantir a livre convertibilidade do escudo cabo-verdiano e a livre circulação de capitais (...) com um quadro macroeconómico estável. Isso é um ativo extremamente importante para o nosso país", enfatizou Correia, para quem o orçamento pretende dar um "grande contributo" na consolidação da Nação cabo-verdiana.

De acordo com as mais recentes previsões orçamentais do Governo, Cabo Verde espera um crescimento de 4,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 e de 4% este ano.

Entre as várias medidas no documento, e apontados pelo vice-primeiro-ministro, contam-se o aumento da taxa turística em 50 cêntimos de euro para financiar medidas de combate à pobreza, ou a atribuição da pensão social a 3.000 idosos sem rendimentos, fora do regime contributivo, para reduzir o nível da pobreza extrema no arquipélago.

A proposta, entregue pelo Governo ao parlamento em 03 de outubro, está avaliada em cerca de 77 mil milhões de escudos (692 milhões de euros).

O arquipélago enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística -- setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago -- desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

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