Paulo Macedo, que falava hoje no encerramento do 3.º Encontro Fora da Caixa, organizado pela CGD na Aula Magna, em Lisboa, disse aos jornalistas, à margem do evento, que esta decisão de Bruxelas "é obviamente uma excelente notícia", não só "pelo que isso significa em termos de margem de manobra para o país", mas também pelo que representa "em termos de confiança".
Para o responsável da Caixa, "claramente" que o facto de Portugal "estar a cumprir as regras da União Europeia" e "ter havido unanimidade na decisão" são aspetos "bastante positivos", acrescentando que uma subida do 'rating' da República por parte das maiores agências de notação financeira é importante para todo o setor financeiro "mas é ainda mais importante no caso da CGD porque há uma grande ligação entre o 'rating' da República e o 'rating' da CGD".
Durante a sua intervenção, Paulo Macedo referiu-se à rede de agências do banco em todo o território, afirmando que "há uma moda de dizer que, se a Caixa tem agências, então que as feche todas em Lisboa e que mantenha as outras abertas no interior", uma opção da qual discorda.
"Nós entendemos que não deve ser assim. A Caixa continuará a ter a maior rede de agências do país e continuará a servir o país de norte a sul, mas queremos acompanhar as agências de Lisboa de uma forma próxima", disse, recordando que o banco público tem uma quota de mercado de 27% em Lisboa, inferior à que se verifica no interior, que é de cerca de 45%.
"O que queremos é aumentar essa quota junto das empresas de Lisboa e, para isso, a CGD tem mais de quatro mil milhões de euros. O orçamento existe, a liquidez existe, os rácios de capital existem, assim haja projetos que seja possível aprovar", acrescentou.
Paulo Macedo disse ainda que o setor bancário português "tem claramente excesso de liquidez" e que, "independentemente dos maus resultados da banca nesta década, que é de facto uma década perdida, os bancos, mesmo com lucros nos próximos cinco anos, não vão compensar as perdas que tiveram nos últimos cinco".
O presidente da Comissão Executiva da CGD deixou ainda uma mensagem de confiança: "A Caixa quer conceder crédito aos bons projetos porque tem liquidez e tem rácios de capital e tem rácios de transformação abaixo de 100%", lançou, considerando que "dizer isto desta maneira clara talvez seja alguma novidade relativamente há três anos".
Já quanto à dimensão da CGD e à sua capacidade operativa, Paulo Macedo defendeu que tudo depende do capital que o banco estatal tiver: "Quando se fala se a Caixa é uma caixa ou uma caixinha, obviamente que isso depende do capital que tiver. Se a Caixa tiver um elevado capital pode estar em todos os seus segmentos de mercado, pode ter operações no estrangeiro, mas, se não tiver capital, pois que terá alienar ativos e isto não é qualquer desejo ou capricho, é apenas uma consequência".
Aos jornalistas, quando questionado sobre se a CGD pretende fechar a sua operação em França, Paulo Macedo respondeu que a atividade naquele país "é rentável e próxima dos emigrantes", mas não se comprometeu de forma clara.
"O que posso dizer é que gostaríamos de a manter", disse.
Quando interrogado sobre se o encerramento do balcão de Almeida, o presidente da Comissão Executiva da CGD disse sobre isso "não há qualquer dúvida nem qualquer dado novo" e que, por um lado, prosseguem as negociações com os autarcas para procurar "satisfazer as necessidades das pessoas" e que, por outro, todas os serviços prestados decorrem "com normalidade".
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