Em declarações aos jornalistas no final das intervenções que fez hoje na conferência Horasis Global Meeting, que decorre até terça-feira em Cascais, perto de Lisboa, Caldeira Cabral vincou que “os números do défice, do crescimento económico e do emprego este ano justificam, naquilo que é a análise normal dos ‘ratings’ [avaliação], uma revisão”.
Para o ministro, que disse ter já tido reuniões com várias agências de ‘rating’ este ano, estes dados justificam uma revisão, a começar pela Perspetiva de Evolução, já no segundo semestre, e depois numa revisão em alta, no princípio de 2018.
“Não estamos a pedir nem defender que nos façam um favor, mas só uma análise justa e hoje Portugal está em melhor situação, com números muito mais positivos”, disse o ministro, vincando que “os números são mais positivos e justificam uma revisão do ‘rating’.
Questionado sobre os indicadores positivos mais favoráveis e a lentidão no processo de subida da avaliação da qualidade do crédito soberano, Caldeira Cabral respondeu que “isso já se nota no tom mais positivo que está expresso nos relatórios internacionais sobre Portugal”, mas admitiu que “ainda falta refletir essas melhorias no ‘rating'”.
Segundo o governante, “há algum conservadorismo” das agências de ‘rating’ na mudança destas avaliações, que, disse com humor, “quando é para descer parece que vão de elevador, mas quando é para subir parece que vão de escadas”.
Estas instituições, concluiu, “demoram um certo tempo, mas os números já são suficientemente sólidos e os do terceiro trimestre vão confirmar a solidez do crescimento, e serão suficientes para começar o processo de subida do ‘rating’, que demorará o seu tempo, mas deverá acontecer”.
O ministro falava aos jornalistas já depois de ter participado num almoço-conferência, moderado por uma editora de políticas públicas da revista britânica The Economist, no qual, depois de passar em revista os principais argumentos de Portugal para atrair investimento estrangeiro, foi questionado pela assistência sobre as principais medidas que tomou para melhorar os indicadores económicos.
Referindo-se ao “milagre de Lisboa”, que consistiu na redução do défice orçamental e na aceleração do crescimento económico, a moderadora do debate, a editora Anne McElvoy quis saber como ia Portugal lidar com “o elefante na sala”, referindo-se aos cerca de 130% de dívida pública.
“O elemento-chave é controlar a despesa pública e fomentar o crescimento”, respondeu Caldeira Cabral, apontando a redução na dívida privada e o trabalho de injeção de confiança nos agentes económicos como fatores que influenciam a evolução da economia.
“Usar os fundos estruturais para financiar investimentos, imprimir confiança nas pessoas, não reduzindo salários nem pensões, e acelerar a captação de Investimento Direto Estrangeiro” são as três medidas que o governante elegeu como as mais importantes tomadas no último ano para melhorar os indicadores económicos.
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