"O FBI está a investigar se os bancos facilitaram a corrupção ao permitir que as autoridades moçambicanas recebessem dinheiro angariado na venda de dívidas, disseram fontes conhecedoras do processo", lê-se na edição de hoje do WSJ, consultada pela Lusa.
No artigo, os jornalistas escrevem que esta investigação abre uma nova fase no inquérito global ao negócio da dívida moçambicana, cujo âmbito se alarga para eventual corrupção e potenciais acusações criminais, juntando-se às investigações em curso pelos reguladores financeiros dos Estados Unidos, Suíça e Reino Unido.
Os porta-vozes do Credit Suisse, do VTB e do banco Paribas escusaram-se a comentar, o mesmo acontecendo com os do Governo de Moçambique.
Segundo noticia hoje o WST, as investigações começaram em junho do ano passado, quando uma pequena equipa do departamento de fraudes financeiras do FBI foi a Maputo para averiguar se os bancos facilitaram pagamentos inapropriados às autoridades moçambicanas, de acordo com fontes não identificadas.
Os advogados de uma unidade especializada em lavagem de dinheiro e recuperação de ativos do Departamento da Justiça, em Washington, reuniram-se este verão com investidores que transacionaram a dívida moçambicana e pediram todas as comunicações e documentos trocados com estes bancos, acrescenta-se na notícia hoje publicada.
Os oficiais da Justiça reuniram-se também com funcionários e advogados do VBT e do Credit Suisse em Londres, para debater as transações e os acordos subsequentes com os investidores.
O escândalo das dívidas ocultas surgiu em abril de 2016, com a divulgação pelo WSJ de empréstimos avalizados, mas não divulgados pelo Estado, no valor de 622 milhões à Proindicus e 535 milhões à MAM, atirando Moçambique para uma crise sem precedentes nas últimas décadas.
Os parceiros internacionais suspenderam apoios financeiros, a moeda desvalorizou a pique, as agências de notação financeira desceram o ‘rating’ e a inflação subiu até 25% em 2016, agravando a vida naquele que é um dos países mais pobres do mundo.
O reatamento das ajudas internacionais ficou dependente da realização de uma auditoria independente às dívidas, cujo sumário executivo foi distribuído em julho pela Procuradoria-Geral da República, e que tem sido alvo de críticas por parte de algumas das instituições envolvidas.
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