Numa intervenção, numa conferência virtual organizada pela CFA Society Portugal, o ex-ministro da Finanças garantiu que é importante “ter a certeza que os riscos assumidos hoje estão a ser em geridos”.
“Olhando para 2021, para abrir caminho para a retoma, as medidas devem ser adaptadas à evolução da crise”, referiu segundo um comunicado com as suas declarações divulgado pelo Banco de Portugal, adiantando que é preciso reconhecer os limites das políticas orçamentais, monetárias, micro e macroprudenciais.
“Temos de aproveitar todas as sinergias de uma ação harmonizada”, acrescentou.
Para Centeno, nos próximos meses o desafio será a “adaptação” de governos e outros agentes públicos. “O ritmo da retoma da economia, a assimetria entre setores e empresas, mas também entre famílias exigem estratégias ponderadas de saída das políticas atuais”, avisou.
“A Europa deve reconhecer estas diferenças e elaborar políticas que suportem uma recuperação saudável: retirar os apoios todos de uma vez ou simultaneamente para todas as empresas e indivíduos será um erro”, destacou, acrescentando que, neste caso, a “política orçamental tem uma vantagem sobre a monetária, visto que pode visar agentes concretos”.
Assim, o governador garantiu estar a trabalhar “para se certificar de que o sistema financeiro é parte da solução e não do problema” na recuperação pós pandemia.
Mário Centeno recordou ainda que o Banco Central Europeu (BCE) aconselhou os bancos a serem prudentes com a distribuição de dividendos e outros esquemas de recompensas.
“Há evidências de que as ações dos bancos centrais foram cruciais para evitar uma fragmentação do mercado e uma crise económica mais pronunciada”, disse Centeno, sublinhando a “manutenção de condições de financiamento favoráveis em todos os setores”.
Em dezembro, O Governo aprovou em Conselho de Ministros uma alteração ao regime das moratórias bancárias, permitindo novas adesões até 31 de março de 2021.
“Esta alteração visa acautelar os constrangimentos de liquidez e tesouraria decorrentes do impacto económico da segunda vaga da pandemia”, justifica o Governo no comunicado do Conselho de Ministros.
O Governo indica ainda que “com vista à preservação dos rendimentos das famílias e a manutenção do financiamento das empresas”, o decreto-lei define que “as famílias e empresas que adiram à moratória beneficiam dos seus efeitos por um período de até nove meses, aplicando-se as demais regras previstas no regime atual”.
O sistema bancário nacional concedeu um total de 46 mil milhões de euros em moratórias de crédito até setembro do ano passado, ao abrigo dos sistemas implementados na sequência da pandemia de covid-19, segundo dados do Banco de Portugal (BdP).
Segundo os dados do supervisor bancário divulgados na sexta-feira, dos 46 mil milhões de euros, 24,4 mil milhões de euros dizem respeito a empresas (sociedades não financeiras, na designação técnica) e 21,6 mil milhões de euros às famílias.
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