“Cartas para a Vila Berta”, a ser publicada pela Bertrand, é uma obra que está inédita há quase 50 anos e que consiste numa compilação de cartas que Miguel Esteves Cardoso escreveu ao seu amigo Carlos Vilela, que morava na Vila Berta, em Lisboa, e que nunca lhe respondeu.

“Quem foi Miguel Esteves Cardoso, dos 20 aos 24 anos? Tudo quanto sentiu e pensou está aqui, pelo punho do próprio, ou batido numa Olivetti Lettera32, no pós-25 de Abril, a partir de Manchester, onde se licenciou em Estudos Políticos com nota máxima e, mais tarde, se doutorou em Filosofia Política, com igual distinção”, destaca a editora.

Estas cartas incluem reflexões do autor sobre a vida, a política e a cultura, abordando temas tão variados como a “obsessão com a foleirice, a crueldade juvenil em relação à miséria dos outros, o gosto por ser discriminatório, as opiniões políticas controversas, de Salazar a Mussolini, o início da colaboração com jornais, uma entrevista a Leonard Cohen, um passeio pela Escócia, o desprezo por quase todos os autores portugueses ou o terror quanto a uma possível paternidade com uma senhora irlandesa”.

Na Quetzal, uma das grandes novidades é a publicação de “De quatro”, da escritora, argumentista e realizadora norte-americana Miranda July, que é finalista do Women’s Prize for fiction, além de ter figurado em muitas outras listas de candidatos a prémios literários, entre os quais o National Book Award para ficção.

A mesma chancela traz de regresso dois autores portugueses, André Canhoto Costa, com “A corte das mulheres”, que recupera a história de um grupo restrito mas poderoso de mulheres que comandava a vida intelectual na Corte portuguesa do século XVI, e João Pedro Vala, com “Dicionário de Proust”, uma obra sobre o essencial de Marcel Proust “para quem o leu, para quem nunca o leu e para quem o leu há muito tempo”.

A Quetzal vai também reeditar a coleção Conta-Corrente, uma obra escrita em forma de diário de Vergílio Ferreira, começando este mês com o volume 1, que abarca o período entre 1969 e 1981.

A Leya apresenta como uma das grandes novidades, a publicação do romance vencedor do Prémio Leya 2024, “Pés de barro”, de Nuno Duarte, obra que tem como pano de fundo a construção da primeira ponte sobre o Tejo, em Lisboa, e traça um retrato do Portugal dos anos 1960.

A Dom Quixote vai lançar um romance que foi finalista do mesmo prémio em 2023, “Passagem Noturna”, da açoriana Leonor Sampaio da Silva, e no campo da literatura traduzida, publica “O Lado Errado”, de Davide Copo, sobre um jovem de boas famílias e sem traumas relevantes, que escolhe o caminho do extremismo político e do fascismo, bem como “Seis Malas”, de Maxim Biller, uma história sobre um enigma, que foi finalista do Prémio do Livro Alemão.

A Editorial Presença estreia em Portugal o autor alemão Ewald Arenz, com “O perfume das peras selvagens”, um romance aclamado pela crítica alemã, sobre o encontro e a relação improvável entre uma jovem anorética de 17 anos e uma mulher de 50 anos que fugiu do mundo e se afastou de todos, refugiando-se numa quinta, que cuida sozinha.

À Alfaguara regressam as escritoras Jamaica Kincaid, autora de “Annie John”, desta vez com o romance “Lucy”, que tem no centro o tema dos laços familiares; e Fleur Jaeggy, com “O medo do céu”, compilação de sete histórias sombrias.

A Cavalo de Ferro publica “A mulher nova”, de Carmen Laforet (1921-2004), um romance precursor pelo retrato que traça de uma mulher que se rebela contra a sua condição e busca a sua independência na Espanha do pós-guerra, e mais um livro do Nobel da Literatura Jon Fosse, “Casa de Barcos”.

A escritora mexicana Fernanda Melchor, autora de “Temporada de furacões”, está de volta à Elsinore, que publica este mês o seu primeiro livro, “Isto não é Miami”, numa nova edição revista e com a inclusão de um texto inédito.

A Companhia das Letras estreia o ilustrador António Jorge Gonçalves no seu catálogo da coleção de não-ficção literária, com “O caminho de volta”, um ensaio escrito e desenhado pelo autor, nos dias que a mãe passou num lar, que coloca a imagem e o texto ao mesmo nível enquanto elementos narrativos.

Na mesma chancela sai “A árvore mais sozinha do mundo”, um novo livro da autora brasileira Mariana Salomão Carrara, que conta a história de uma família extenuada pelo trabalho numa plantação de tabaco, que luta para sobreviver à escassez de tudo e ao colapso climático.

Entre os destaques da Porto Editora conta-se a publicação do mais recente livro do escritor cubano Leonardo Padura, “Ia a Havana”, enquanto a Assírio & Alvim publica “Lamento Por Uma Pedra e outros poemas”, de W.S. Merwin, e “Carta Sobre o Comércio dos Livros”, de Denis Diderot.