O BCP anunciou esta semana um aumento de capital de 1.300 milhões de euros, mais do que o valor que o banco vale em bolsa.
Esta operação de recapitalização tem em vista o banco pagar as obrigações de capital contingente ('Cocos') que o Estado investiu no banco em 2012 e que do total de 3.000 milhões de euros faltam devolver 700 milhões e aumentar os seus rácios de capital (indicadores de solvabilidade da instituição).
O BCP espera que, com a conclusão com sucesso desta oferta e o reembolso integral dos 'CoCos', melhorar o rácio de 'common equity tier 1' (CET1) para 11,4% (em referência a 30 de setembro de 2016).
Quando anunciou a operação, na segunda-feira, o banco afirmou que já tinha 'luz verde' do Banco Central Europeu (BCE) para pagar a ajuda ao Estado, o que poderá acontecer depois de o aumento de capital ser concretizado com sucesso.
A operação decorre até 07 de fevereiro e, de acordo com informações recolhidas pela Lusa, após isso o BCP tem depois 10 dias para pagar o dinheiro ao Estado.
Assim, se tudo correr bem, o banco irá devolver a ajuda estatal devida ao Tesouro público atá 17 de fevereiro.
O BCP anunciou na segunda-feira um aumento de capital de 1,33 mil milhões de euros, cuja parte da receita será usada para reembolsar os 700 milhões de euros em 'Cocos' que têm de ser pagos até junho deste ano, devendo o restante servir para deixar a instituição com rácios de capital confortáveis.
Já é conhecido que o acionista chinês Fosun quer aproveitar para ficar com 30% do BCP, face aos 16,7% que detém, sendo que a angolana Sonangol tem também autorização para aumentar a sua participação no capital do banco para aproximadamente 30%, mas não se sabe se vai exercer essa opção.
Segundo a agência de 'rating' DBRS o aumento de capital "remove a incerteza em torno das perspetivas do BCP para 2017, largamente associadas à capacidade para pagar as obrigações de capital contingente (CoCos), após o banco ter reportado perdas nos primeiros nove meses de 2016", de 251,1 milhões de euros, e destaca ainda a possibilidade de após o pagamento da ajuda o banco poder voltar a distribuir dividendos, quando regressar aos lucros.
Apesar de considerar positiva a operação, a DBRS continua a ver fragilidades no BCP, nomeadamente devido à operação em Portugal, mostrando-se sobretudo preocupada com os ativos problemáticos, apesar de esperar uma normalização da geração de provisões (imparidades para perdas potenciais) e a redução dos custos de financiamento, ainda que devam continuar acima dos seus pares europeus.
No imediato, a DBRS espera que o reembolso dos Cocos permitirá ao BCP melhorar a margem financeira, já que estes têm um custo para o banco (juros anuais), estimando a DBRS que o reembolso integral da ajuda estatal "deverá ter um impacto positivo na margem financeira de cerca de 65 milhões de euros anuais".
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