A presença de Portugal no campeonato do mundo de râguebi de 2027 pode já ficar decidida no mês de fevereiro durante o Rugby Europe Championship (REC 2025), torneio europeu de qualificação para o Mundial da Austrália.

No grupo B, a seleção nacional, 16.ª do ranking mundial, enfrenta a Bélgica (28.º), sábado (19h30), dia 1 de fevereiro, no Estádio do Restelo, na primeira jornada do REC. Alemanha (31.º), em casa, a 9, e a Roménia (20.ª), fora, em Botosani, dia 15, 3.ª e última jornada, fecham a primeira parte do torneio.

O novo modelo, oito nações, dois grupos, uma só volta e apuramento direto para os primeiros dois classificados de cada grupo (uma quinta seleção europeia disputará um torneio de repescagem), não tira o sono ao selecionador nacional.

“Todos compreendemos e sabemos quais as consequências deste torneio”, recordou. “Estamos focados no primeiro jogo, com a Bélgica. Vamos tentar garantir que a concentração esteja a 100% na performance nesta semana. E depois pensaremos no segundo jogo”, atirou Simon Mannix.

Sete curiosidades sobre Portugal e o REC

  • Pinto Magalhães, o regresso de um velho capitão

Francisco Pinto Magalhães, 38 anos, regressa à seleção oito anos depois da última presença entre os convocados. O jogador do CDUL soma 42 internacionalizações. Estreou-se em 2008, no Seis Nações “B”, diante a Geórgia. A última vez que vestiu a camisola foi em 2017, em São Paulo, no tour ao Brasil.

  • Dois “portugueses” nos Diabos Pretos

A equipa da Bélgica conta com no XV inicial com um jogador que atua no campeonato português, Hugo de Franc (Agronomia). Hugo Ruelle (CR São Miguel) integra a lista dos 37 convocados.

  • Portugal campeão em 2004 no torneio da Geórgia 

Vice-campeão europeu nas duas últimas edições do REC, os lobos foram campeões europeus em 2004 com Tomaz Morais. A Geórgia contabiliza 16 títulos (sete consecutivos) em 22 edições e a Roménia, cinco.

  • Saldo positivo: 11 vitórias dos lobos

Os Diabos Negros venceram por 10-6 no REC 2024. Foi a 3.ª vitória de um historial de 17 jogos que começou com um empate, em 1966. Portugal tem 11 triunfos. As duas seleções empataram em duas ocasiões.

  • 24 seleções, 12 disputam torneios regionais 

Mundial da Austrália será o primeiro com 24 seleções. 12 nações já estão apuradas via Mundial 2023: África do Sul, campeã do mundo, Nova Zelândia, Inglaterra, França, País de Gales, Irlanda, Escócia, Itália, Argentina, Japão, Austrália e Fiji.

As restantes 12 saem das competições regionais: Europa (4 países), Ásia (1), África (1), América do Sul (1), Pacífico (3) e mais duas resultantes de um playoff entre nações da América do Sul e Pacífico e outra saída do torneio final de repescagem.

  •  França “dá” 30 jogadores às duas seleções 

 Os campeonatos franceses são o grande fornecedor das duas seleções que se encontram no Restelo. Do lado de Portugal, 12 lobos vieram de França, nove dos quais integram o XV inicial. A seleção belga, não foge a esta “importação”, antes reforça. Dos 23 convocados, 18 jogam em França. Na equipa belga prevista para se apresentar em campo ao apito inicial, 13 jogadores atuam nos campeonatos gauleses.

  • 14 mundialistas 

Nos 15 eleitos de Simon Mannix para iniciar a partida, apenas Luka Begic, Vasco Baptista e José Rebelo de Andrade, não estiveram no França2023, sendo que este último falhou devido a uma lesão contraída durante a preparação. Os restantes 12 têm selo de mundialistas.

David Costa, Diogo Hasse Ferreira, José Madeira, João Granate, Nicolas Martins, Samuel Marques, Joris Moura, Tomás Appleton (capitão), José Lima, Rodrigo Marta, Vincent Pinto, Simão Bento (não chegou a jogar) transportam um mundial ao peito. No banco estará Anthony Alves e Manuel Cardoso Pinto, lobos que também jogaram no campeonato do mundo de França.

  • CAIXA: Novo modelo de apuramento

 O Europe Championship serve de qualificação para o Mundial da Austrália 2027, evento alargado, a partir dessa edição, a 24 nações, mais quatro do que o França2023.

Oito seleções estão divididas em dois grupos, uma só volta, seguido de meias-finais (1 de março) e finais (16 de março). Geórgia, campeã europeia, Espanha, Suíça e Países Baixos estão no grupo A. Portugal, Bélgica, Alemanha e Roménia compõe o grupo B.

A Europa qualifica diretamente quatro seleções (mais uma, via repescagem).

Os dois primeiros lugares de cada um dos grupos garantem acesso às meias-finais do REC2025 e, consequentemente, vaga direta no Mundial Austrália2027.

O 5.º classificado, vencedor da final de ranking (jogos entre os quinto e o oitavo) disputará a repescagem, em novembro.

“Temos de olhar para o que podemos fazer, controlar o que fazemos com a nossa preparação e ter certeza de que estamos em condições físicas e mentais para jogar o jogo corretamente”, referiu. “A concentração tem sido muito boa e os jogadores sabem o que estão a fazer”, elogiou.

Duas vitórias bastam para o inédito segundo bilhete consecutivo para um Mundial (o terceiro da história do râguebi português). Um feito que pode estar à distância de dois triunfos caseiros.

Ciente da realidade, Simon Mannix esvazia a pressão. “Todas essas coisas não são complicadas. São o resultado se jogarmos bem. Se fizermos isso, depois podemos falaremos o que significa. Fazer história depende da nossa performance”, garantiu.

Sem desculpas 

Os lobos iniciaram a preparação a meio do mês de janeiro, mas a ficha dos 56 selecionados para o torneio europeu só ficou completa no passado domingo com a chegada de jogadores luso-franceses e portugueses que atuam nos campeonatos profissionais e semiprofissionais de França.

Samuel Marques, Nicolás Martins. José Madeira e Rodrigo Marta fizeram os quatro treinos da semana. Francisco Fernandes e Rafaelle Storti apresentaram-se lesionados e estão fora das contas do selecionador nacional.

“Não vou inventar desculpas, porque todas as nações em desenvolvimento (tier2) têm o mesmo problema. Não temos acesso aos nossos jogadores o tempo que gostaríamos”, assinalou Simon Mannix, selecionador nacional.

“Em Portugal, o râguebi permanece amador, os jogadores amadores portugueses são os mesmos e metade da equipa joga em competições profissionais”, analisou.

Para ultrapassar essa dificuldade, o neozelandês à frente da seleção nacional portuguesa apresenta uma receita. “Temos de ser mais criativos na forma como partilhamos informação e comunicamos com os jogadores”, sublinhou.