A ida para o Sporting, as saudades da família ou a vontade de ser o melhor do mundo fazem parte do testemunho de Cristiano Ronaldo hoje ao portal The Players Tribune, contado na primeira pessoa pelo internacional português.
Cristiano Ronaldo percorre a história desde a infância, pela mão do pai Dinis Aveiro, que o levou para o Andorinha, a chegada à Academia do Sporting, a ida para o Manchester United ou para o Real Madrid, já como referência do futebol mundial.
“Penso nas memórias com nostalgia, porque foi um período que foi curto. O futebol deu-me tudo, mas também me levou para longe de casa antes de estar verdadeiramente preparado. Quando tinha 11 anos saí da ilha para o Sporting e foi o momento mais difícil da minha vida”, referiu Cristiano Ronaldo.
Num longo texto, o jogador português revela pormenores e chega a contar as primeiras impressões que causou já no clube de Alvalade.
“O futebol fez-me andar para a frente. Fazia coisas que outros miúdos na academia não podiam fazer. Lembro-me de um dizer para o outro: ‘viste o que ele fez? Este tipo é uma besta’. Comecei a ouvir muito isso. Mesmo dos treinadores, mas depois alguém dizia sempre ‘sim, mas é uma pena que seja tão pequeno’”, escreveu.
O jogador conta que, de facto, era franzino, sem músculo e que foi nesse momento, aos 11 anos, que decidiu fazer algo em relação a isso, que iria “trabalhar mais do que qualquer outro” e que “deixaria de jogar como uma criança”.
“Iria treinar como se pudesse vir a ser o melhor do mundo”, uma ambição que diz nunca ter perdido e que esteve sempre consigo, levando a que fugisse muitas vezes do dormitório, para trabalhar um pouco mais.
O extremo revela também que a família, tirando o pai, pouco se interessava por futebol e que a mãe teve que tomar calmantes para poder assistir aos seus primeiros jogos pelo Sporting, quando chegou à equipa principal com 17 anos.
Daí foi um ‘pulinho’ até Manchester, um momento que diz ter sido de “orgulho” para si e para a família e que quando ganhou a primeira Liga dos Campeões, com o United, foi algo emocional e de enorme êxtase.
“O mesmo com a minha primeira Bola de Ouro. Mas os meus sonhos não pararam de crescer. É a questão dos sonhos, certo? Sempre admirei Madrid e queria um novo desafio. Queria ganhar lá e bater todos os recordes, tornar-me uma lenda do clube”, assumiu.
Em Espanha, Cristiano Ronaldo diz ter conquistado coisas incríveis em oito anos, mas que as coisas ficaram diferentes nos últimos anos, com a paternidade.
“É completamente diferente. Um sentimento que não consigo descrever. Por isso é que estar em Madrid é tão especial, sou um futebolista, mas também pai”, referiu o jogador, lembrando a alegria que teve em Cardiff, na final da ‘Champions’.
Cristiano Ronaldo venceu a final, mas no fim do jogo toda a sua satisfação ficou centrada nas brincadeiras ainda em pleno relvado, durante as comemorações, do seu filho ‘Cristianinho’, com o filho de Marcelo.
“Quando regressámos ao Bernabéu para celebrar, o Cristiano Jr. e o Marcelito estavam a brincar no relvado em frente aos adeptos. Era um cenário muito diferente daquele em que eu brincava na estrada [na Madeira] quando tinha a idade dele, mas espero que sinta o mesmo que eu sentia, que era o menino querido da família”, contou.
Um sentimento que leva Cristiano Ronaldo a ‘carregar’ uma mensagem nas chuteiras, para a qual olha de cada vez que as aperta para um novo jogo e que diz: “o sonho do menino”, como uma motivação final.
E que no final, aos 95 anos, possa caminhar com os netos e contar-lhes o mais importante, que andou pelo relvado, de mão dada com o filho, como campeão”
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