Em contrapartida, segundo Berta Nunes, os pedidos de nacionalidade abrandaram no Consulado Geral de Portugal em Caracas, a capital do país. A governante adiantou que "Caracas tem mais do dobro dos pedidos de Valência".
"Pudemos verificar que o Consulado (em Valência) tem vindo a aumentar o número de atos consulares. A procura da nacionalidade não dá também sinais de abrandar, (houve) cerca de sete mil pedidos de nacionalidade no ano passado", disse.
Berta Nunes falava à agência Lusa, terça-feira, ao finalizar uma visita ao Consulado Geral de Portugal em Valência, cidade onde inspecionou o funcionamento da rede de atendimento médico a portugueses, criada por Lisboa.
A governante esteve ainda no Centro Social Madeirense e na Casa Portuguesa Venezuelana de Carabobo.
"De facto este consulado tem feito um trabalho excelente, tem vindo a ter uma organização de forma a fazer um atendimento 'online', do público, através de e-mail e de telefone, para não termos filas, apesar de o atendimento ter vindo a aumentar", frisou.
A responsável precisou ainda que no ano passado foram registados "cerca de 40 mil atendimentos o ano passado" em Valência, um trabalho excelente e muito valorizado pelos próprios funcionários e pela comunidade.
"Por outro lado, este consulado e também o de Caracas têm vindo a aumentar as permanências consulares, ou seja, a deslocação a vários locais aqui da Venezuela, de forma a ir ter com as comunidades portuguesas", afirmou.
Segundo Berta Nunes, os novos pedidos de nacionalidade são "principalmente de adultos, lusodescendentes, que nunca tinham pedido a nacionalidade portuguesa que agora é para eles um porto de abrigo".
"Não significa que vão regressar a Portugal, mas dá-lhes uma outra possibilidade de ter mobilidade noutros países, com o passaporte português. E dá-lhes acesso a todos os apoios que temos vindo a desenvolver aqui na Venezuela, como os apoios sociais, a rede médica, eventualmente, se necessário, o repatriamento sanitário (...). Esta procura da nacionalidade significa que as pessoas percebem que há aqui um valor acrescido, que é importante e uma forma até de os proteger em caso de necessidade", explicou.
"Certamente vamos ter muito mais portugueses que tenham a nacionalidade portuguesa, mas provavelmente nunca vamos ter toda a dimensão porque os portugueses estão muito espalhados por toda a Venezuela", disse.
Explicou que há lugares urbanos "que estão ainda relativamente isolados, em que as pessoas não vão procurar a nacionalidade" porque "estão muito integradas e isso é uma característica interessante da comunidade", destacando que só numa situação de crise é que quiseram pedir a nacionalidade.
"Por isso é que eu penso que haverá certamente muitos mais portugueses, muitos dos quais nem virão a pedir a nacionalidade principalmente se a situação melhorar, então aí certamente que a procura até diminuirá, porque esta procura é uma espécie de plano B, uma salvaguarda para a comunidade portuguesa aqui na Venezuela", disse.
Berta Nunes declarou ainda estar muito satisfeita com a visita, mas com a perceção de que há que "continuar a reforçar, a acompanhar" o trabalho dos consulados, nomeadamente o de Caracas "que perdeu dois funcionários", que terão que ser repostos.
A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas iniciou no sábado à noite uma visita de cinco dias à Venezuela, para contactar com as autoridades locais e portugueses nas localidades de Caracas, Los Teques (Carrizal), Maracay e Valência.
Comentários