Cecília Meireles, da Comissão de Utentes de Transportes Públicos, sublinhou à Lusa que a redução das tarifas “é uma reivindicação que há muito pediam” e, como tal, saudou “todos aqueles que ao longo de anos lutaram para que o passe social intermodal diminuísse o seu custo e abrangesse todos os operadores da Área Metropolitana de Lisboa”.
Este processo, acrescentou, é “uma conquista muito importante dos utentes e das suas comissões e que concretiza o direito de todos à mobilidade e o direito a uma vida melhor”.
A representante referiu que a “revolução nos transportes vai provocar uma maior afluência de pessoas”, já que muitos utentes que não tinham passe, porque “era muito caro”, vão agora comprá-lo.
Por isso, a comissão defende que sejam criados postos de informação e atendimento em todos os terminais de transporte da cidade de Lisboa, “em horários alargados e com capacidade de receber e entregar o cartão Lisboa Viva”.
“É necessário este serviço para evitar os congestionamentos e filas de última da hora, porque já sabemos que os portugueses deixam tudo para o fim dos prazos”, frisou Cecília Meireles.
Também os trabalhadores, segundo Anabela Carvalheira, da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), consideram que, “do ponto de vista dos utentes, é uma excelente medida”. E como os trabalhadores das empresas públicas e privadas de transporte são utentes, também vão beneficiar.
No entanto, Anabela Carvalheira alertou para o facto de os trabalhadores irem ter uma “sobrecarga de trabalho, tanto no público, como no privado”, pelo expectável aumento da procura dos transportes.
“Ninguém tem a certeza quais os transportes que vão ficar mais sobrecarregados, sendo que a única certeza é que vai aumentar a necessidade de oferta de transporte público”, frisou.
A Área Metropolitana de Lisboa anunciou, a partir de abril, uma “revolução na mobilidade urbana”, que se inicia com a simplificação do tarifário e a criação de um passe único nos transportes públicos dos 18 concelhos que a compõem.
A partir do dia 26 de março, é possível comprar um passe único metropolitano e um passe municipal para cada um dos 18 concelhos, que custam, respetivamente, 40 e 30 euros.
Esta iniciativa está inserida no Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos (PART), que prevê que as Áreas Metropolitanas de Lisboa (AML) e do Porto (AMP) e as 21 Comunidades Intermunicipais (CIM) recebam um total de 104 milhões de euros do Fundo Ambiental, através do Orçamento do Estado.
O passe metropolitano será válido nos 18 concelhos da AML, integrada pelos municípios de Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Sintra e Vila Franca de Xira.
A Câmara de Lisboa registou nos últimos dias muitas solicitações para esclarecimento de dúvidas – entre a assinatura dos contratos para os novos tarifários de transportes na AML, no dia 18, e quinta-feira, a página de Facebook da autarquia teve mais de 1.800 comentários, aos quais foram dadas respostas.
De acordo com fonte do município, as questões mais frequentes são sobre quais os operadores abrangidos pelo novo passe e qual o passe que se pode adquirir, com perguntas a surgir de muitos cidadãos da margem sul do Tejo – Setúbal, Almada, Barreiro e Seixal -, assim como de Cascais e Oeiras.
Entre as questões mais frequentes estão também os descontos para os passes sub-23, para os mais de 65 anos e reformados, para os filhos, no caso do passe Família, que só vai estar disponível em julho.
Algumas das questões prendem-se também com o valor dos passes, se o que o utente irá agora pagar compensará ou não e se os operadores de transporte estão mesmo todos abrangidos pelo título.
Entre os comentários há ainda os utentes que consideram injusta a medida por pagarem atualmente um passe de 36 euros e só obterem uma redução de seis com os novos passes (âmbito municipal), enquanto outros beneficiam de uma redução de cerca de metade (por exemplo, de 80 para 40 euros) no caso do passe metropolitano.
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