"Exprimimos a nossa preocupação coletiva sobre o facto de, mais de 60 dias após a realização de eleições legislativas, um novo primeiro-ministro não ter sido ainda nomeado com base nos resultados das eleições", salientam, no comunicado conjunto, a ONU, a União Africana, a União Europeia, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, denominados P5.
No comunicado, divulgado ao final do dia à imprensa, estas entidades encorajam a "nomeação urgente de um novo primeiro-ministro e a consequente formação de um novo Governo".
"Além disso, a data das eleições presidenciais deve igualmente ser marcada para terem lugar em 2019", salientam.
O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, termina o seu mandato em 23 de junho.
Dois meses depois das eleições legislativas, o novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau ainda não foi indigitado pelo Presidente guineense e o novo Governo também não tomou posse devido a um novo impasse político, que teve início com a eleição dos membros da Assembleia Nacional Popular.
Depois de Cipriano Cassamá, do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Vede (PAIGC), ter sido reconduzido no cargo de presidente do parlamento, e Nuno Nabian, da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), ter sido eleito primeiro vice-presidente, a maior parte dos deputados guineenses votou contra o nome do coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), Braima Camará, para segundo vice-presidente do parlamento.
O Madem-G15 recusou avançar com outro nome para o cargo e apresentou uma providência cautelar para anular a votação, mas foi recusada pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Por outro lado, o Partido de Renovação Social (PRS) reclama para si a indicação do nome do primeiro secretário da mesa da assembleia.
No comunicado hoje divulgado, todas aqueles organismos "notam o clima de tensão" resultante do desacordo e exortam "todos os atores relevantes a empenharem-se num diálogo construtivo para encontrar uma solução para o atual impasse, a fim de finalizar a constituição da mesa da Assembleia Nacional Popular".
No comunicado, a ONU, a União Europeia, a União Africana, a CEDEAO e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) exortam também os políticos guineenses a "abdicarem dos seus interesses privados ou partidários e a trabalharem em conjunto e de maneira construtiva para o bem do país".
O parlamento da Guiné-Bissau está dividido em dois grandes blocos, um, que inclui o PAIGC (partido mais votado, mas sem maioria), a APU-PDGB, a União para a Mudança e o Partido da Nova Democracia, com 54 deputados, e outro, que juntou o Madem-G15 (segundo partido mais votado) e o Partido de Renovação Social, com 48.
Em declarações à imprensa, o Presidente guineense justificou o atraso na nomeação do primeiro-ministro com a falta de entendimento.
"Não temos primeiro-ministro até hoje, porque ainda temos esperança de que haja um entendimento entre partidos políticos na constituição da mesa da Assembleia e porque o Governo é da emanação da Assembleia", disse este mês em declarações aos jornalistas.
O denominado P5 manifesta também a sua vontade de continuar a trabalhar com os líderes políticos guineenses para resolverem o atual impasse.
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