O primeiro Centro de Atendimento Clínico do país abriu no passado dia 1 de agosto e destina-se aos casos menos urgentes referenciados pelo SNS 24 e pelo serviço de urgência do Hospital Santa Maria.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Unidade Local de Saúde (ULS) Santa Maria, Carlos Martins, adiantou que esta unidade tem “tido uma mediana de 60 episódios por dia”, mas já teve picos de 80 casos, o que corresponde à procura que era expectável.

“Tem sido de extrema utilidade também para aliviar a nossa urgência central, que anda em média com 400 episódios por dia”, salientou Carlos Martins, que falava à Lusa sobre as medidas tomadas pela ULS para responder a uma maior procura das urgências no inverno,

Carlos Martins explicou que a instituição “prepara o inverno no verão”, seguindo também as orientações da Direção Executiva do SNS do Ministério da Saúde, adiantando que o plano de inverno foi ativado a 1 de outubro e decorre até 31 de março, podendo ser estendido em função das situações climatéricas ou da procura das urgências.

Nesta altura, a procura das urgências está em linha com o que aconteceu em 2023, tendo-se registado em novembro “alguns picos anormais na urgência central”.

“Houve dois dias em que tivemos mais de 50% de episódios [na urgência] do que no período homólogo e na mediana dos últimos três meses”, adiantou, explicando que esta procura foi motivada por várias patologias.

O mesmo aconteceu na urgência pediátrica: “Tivemos dois dias em que quase duplicamos os episódios. Em média, temos 100, 120 episódios por dia e tivemos 205, 206 episódios nesses dias”.

O administrador hospitalar realçou o facto de estes picos não terem acontecido à segunda e à terça-feira, que são, normalmente, “os dias mais difíceis para as urgências”, mas sim à quinta-feira, sexta-feira e sábado, o que indica que é preciso ter “uma capacidade de resposta integrada e permanente para todos os dias da semana e dar maior atenção a um dia ou outro”.

Segundo Carlos Martins, faz parte do plano operacional de inverno ter mais uma enfermaria de 22 camas dentro do campus Santa Maria e 44 camas de internamento que espera “nunca utilizar”, porque seria sinal de “um problema sério no Serviço Nacional de Saúde”.

Além disso, foi aumentado o número de camas de proximidade para os casos sociais, lembrando “o protocolo excelente” assinado com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com o reforço de 67 vagas de proximidade.

Nessa linha, a instituição tem 155 camas, das quais, em regra, não passa das 100, para haver uma margem de segurança de 55 camas.

“Mas tudo isto é dinâmico”, sublinhou Carlos Martins, adiantando que, normalmente, a ULS tem 100 doentes internados em camas de proximidade e sensivelmente 50 doentes considerados casos sociais.