Se por um lado durante a campanha eleitoral norte-americana Donald Trump prometeu ser capaz de acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas, agora já parece admitir que se tratava de sarcasmo, isto depois de outros membros do executivo começarem colocar a possibilidade de se afastarem de moderar o cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia.
Durante uma visita a Roma, JD Vance manifestou o seu otimismo sobre a evolução das negociações com Moscovo e Kiev, à margem de um encontro com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
“Quero informar a primeira-ministra sobre as negociações entre a Rússia e a Ucrânia, e também sobre certas coisas que aconteceram nas últimas 24 horas”, declarou Vance, acrescentando: “Não quero prejudicar nada, mas estamos realmente otimistas de que podemos acabar com esta guerra tão brutal”.
Estes comentários contrastam com aqueles que foram produzidos pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que ameaçou “seguir em frente” se os Estados Unidos chegarem à conclusão de que “não é possível” alcançar a paz na Ucrânia.
“Os Estados Unidos têm outras prioridades”, observou Rubio à saída de França após uma série de reuniões na véspera com representantes ucranianos e europeus em Paris, insistindo que Washington não queria que a questão da Ucrânia se arrastasse por “semanas e meses”.
Já o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou também esta sexta-feira que o país "abandonará" em breve a mediação para acabar com a guerra na Ucrânia se não houver progressos por parte de Kiev e Moscovo.
"Sim, muito em breve", respondeu Trump a repórteres na Sala Oval quando questionado se corroborava a declaração de Rubio.
"Não há um número específico de dias, mas queremos que isto seja feito rapidamente", acrescentou.
"Agora, se por algum motivo um dos lados dificultar muito, vamos simplesmente dizer: 'Vocês são idiotas. Vocês são uns idiotas. Vocês são pessoas horríveis', e vamos embora", disse Trump. "Mas espero que não tenhamos que fazer isso", acrescentou.
Recorde-se que a Ucrânia concordou com um cessar-fogo temporário completo e acusou a Rússia de tentar ganhar tempo para estar numa melhor posição de negociação.
Trump surpreendeu todos ao iniciar negociações com Putin em fevereiro, logo após assumir o cargo.
Esta sexta-feira, o presidente americano negou ter sido "enganado" pelo líder russo, que desmentiu que o seu país fosse invadir a Ucrânia até ao dia anterior ao ataque.
"Ninguém está a brincar comigo, estou a tentar ajudar", disse o magnata republicano.
Recorde-se que os representantes dos Estados Unidos, da Ucrânia e europeus concordaram em voltar a reunir-se na próxima semana em Londres, após um primeiro encontro que se realizou na quinta-feira em Paris.
Estas rondas diplomáticas acontecem numa fase em que Washington e Kiev se aproximam de um entendimento que concederá aos Estados Unidos acesso a vastos recursos minerais da Ucrânia e que poderá ser assinado já na próxima semana.
*Com AFP
Comentários