“Não conseguimos descrever este sentimento, esta relação que nós temos com este Santo Padre, especialmente pela sua visita, aquele amor que tem pelo povo de Timor”, disse à Lusa visivelmente emocionado o padre Juvito Araújo, vigário episcopal da diocese de Díli.

O padre Juvito Araújo lembrou Francisco pela presença, que “homenageia a pessoa humana”, e por aquilo que queria criar no mundo, “uma fraternidade universal, onde as pessoas vivem como irmãos e trabalham para o bem comum”.

O sacerdote falava à Lusa em Lecidere, bairro da capital timorense onde está localizada a residência do arcebispo de Díli e onde hoje vários membros do Governo se deslocaram para apresentar condolências.

Em frente à residência, no Jardim de Lecidere, muitos timorenses rezavam por Francisco e depositavam flores aos pés de uma estátua de Maria.

“Na opinião geral, mais um santo no céu”, disse Maria da Conceição Soares, que se deslocou a Lecidere para rezar pelo Papa.

Da visita de Francisco ao país, em setembro passado, Maria da Conceição Soares recordou a mensagem do Papa.

“Trouxe na sua mensagem, a verdade, a justiça, a humildade, para que este povo perceba que tem de lutar para alcançar uma verdadeira justiça e mais solidariedade”, salientou.

Áurea Belo, que também foi ao Jardim de Lecidere para rezar pelo Papa, escreveu uma mensagem que fez questão de ler aos jornalistas.

“Papa Francisco, partiste deixando lembranças e saudades, mas a tua imagem está sempre ao alcance e na memória de Timor-Leste. Adeus, boa viagem Sua Santidade. Timor-Leste suplica, descansa em paz. Eternas saudades”, leu.

Não foram só os cristãos que perderam um líder, foi o mundo, afirmou o padre Juvito Araújo, salientando que Francisco abriu os olhos da igreja e acordou as pessoas para a fraternidade e para um mundo onde as pessoas se possam abraçar e dialogar.

“Nós ainda necessitamos dele, mas tudo acontece segundo a vontade de Deus. Eles [referindo-se aos cardeais] vão eleger, mas Deus vai dar uma pessoa certa”, acrescentou.

O Jardim de Lecidere vai estar aberto durante o resto da semana para que os timorenses possam prestar homenagem.

Ainda para hoje está prevista uma missa especial pelo Papa Francisco na Catedral de Díli.

O Papa Francisco morreu segunda-feira aos 88 anos, após 12 anos de um pontificado marcado pelo combate aos abusos sexuais, guerras e uma pandemia. Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta a chegar à liderança da Igreja Católica.

Francisco esteve internado durante 38 dias devido a uma pneumonia bilateral, tendo tido alta em 23 de março. A última aparição pública foi no domingo de Páscoa, no Vaticano, na véspera de morrer.

Segundo a legislação em vigor do Vaticano, o caixão de Francisco deverá ser levado quarta-feira para a Basílica de São Pedro para ser visto pelos fiéis, e o funeral deverá realizar-se entre sexta-feira e domingo.