No debate quinzenal, no parlamento, Assunção Cristas quis saber, depois das detenções, na terça-feira, de várias pessoas no processo do furto de armamento dos paióis de Tancos, em 2017, se mantinha a confiança no ministro da Defesa Nacional, no Chefe do Estado-Maior do Exército e no diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM), ele próprio detido.
“Perante as mais recentes notícias, mantém a confiança no ministro da Defesa Nacional, no Chefe do Estado-Maior do Exército e no diretor da PJM? Sim ou não”, perguntou Assunção Cristas.
“Como é público e notório, mantenho a confiança no meu ministro como mantenho a confiança na ministra da Justiça”, respondeu António Costa, que chegou ao hemiciclo, cerca das 15:00, com o ministro Azeredo Lopes a seu lado.
Antes, Assunção Cristas afirmou que o CDS pretende fazer um apuramento das “responsabilidades políticas” no caso do furto do armamento, acusando o primeiro-ministro de não compreender “a dimensão política e judicial” dos diferentes casos.
“Obrigaremos que haja escrutínio”, prometeu, numa referência ao inquérito parlamentar proposto pelos democratas-cristãos.
“Não é da responsabilidade do ministro estar à porta de um paiol a guardá-lo, para que não seja assaltado”, respondeu Costa, afirmando que o Governo fez o que tinha a fazer, tomar decisões e agir quando se detetaram “problemas com os paióis das Forças Armadas”.
No frente a frente com Costa, Assunção Cristas questionou ainda o líder do executivo sobre a não transferência do Infarmed para o Porto, ao contrário do que o Governo anunciou no início do ano, acusando-o de "revogar a palavra" que tinha dado.
Na resposta, ouviu António Costa dizer que se dependesse dele, a decisão mantinha-se, mas voltou a justificar-se com a necessidade de a proposta ser avaliada na comissão eventual de descentralização.
“Se vivessemos numa autocracia do António Costa, o Infarmed já estava no Porto”, disse, em tom de brincadeira.
Assunção Cristas respondeu também com ironia: "Suspendeu uma decisão porque não se governa por capricho. Portanto, suspendeu um capricho."
No primeiro debate quinzenal depois das férias de verão, a líder do CDS-PP lembrou outros "casos" em que também estiveram em caua a "palavra" e o compromisso do Governo, como a situação na urgência pediátrica do hospital de São João, a situação dos professores ou ainda à equiparação das licenciaturas pré-Bolonha, que não deverá acontecer, ao contrário do prometido pelo executivo.
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