Num comício no Fórum de Arte e Cultura de Espinho, Paulo Raimundo começou por avisar que seria fácil “encontrar umas piadolas” sobre o concelho onde esteve sediada a empresa do primeiro-ministro, Luís Montenegro, a Spinumviva.

“Seria fácil fazer uns trocadilhos sobre Espinho. Só que o povo desta terra, os pescadores, os operários, aqueles que cá vivem e cá trabalham em Espinho não merecem trocadilhos, não merecem piadolas”, disse, vincando que a CDU não confunde a árvore com a floresta.

Mais tarde no discurso, Paulo Raimundo, quando criticava aqueles que “enchem a boca com os países desenvolvidos” e com Portugal “na primeira linha” e no “pelotão da frente” e “Portugal nhã, nhã, nhã”, não resistiu a falar do “nheca nheca”, expressão que usou no debate com André Ventura, líder do Chega.

“Não vou fazer o nheca nheca agora”, começou por dizer, para, perante uma plateia cheia, voltar atrás: “Está bem, vá, o Portugal do nheca nheca”, soltando uma risada generalizada do público.

Para o líder comunista, esse mesmo Portugal que tem o “nheca nheca” na boca deveria explicar “se há algum país desenvolvido, se há algum país no sentido do progresso cujos salários sejam salários miseráveis e salários muito baixos”.

“É do interesse dos trabalhadores o aumento dos salários, mas é também do interesse da economia e do país a elevação geral de todos os salários, a valorização das carreiras e das profissões”, vincou.

Já antes no discurso, Paulo Raimundo tinha falado da urgência desse aumento de salários, que considerou a grande “emergência nacional”.

“E não é uma emergência lá para 2029, porque se fosse para 2029 não se chamava emergência”, criticou, fazendo referência às propostas do PS de salário mínimo de 1.110 euros para 2029 e da AD de 1.100 euros para o mesmo ano.

Na perspetiva do secretário-geral do PCP, essa proposta chama-se “empurrar com a barriga”, que a CDU recusa.

“Ora, nós nem temos barriga — alguns — nem temos nada para empurrar. Agora é que é preciso aumentar os salários”, disse, perante risos da plateia.