No 9º episódio do podcast Top of Mind da BIAL, a médica de família Margarida Santos conversa com a imunoalergologista Isabel Rezende para descomplicar esta condição e explicar o impacto emocional, social e íntimo da doença.

Asma não é só falta de ar

Embora a tosse e a pieira sejam os sintomas mais conhecidos, a asma é muito mais do que isso. Quando está mal controlada, pode interferir com o sono, o desempenho profissional, a prática de desporto, a vida social, e até com a sexualidade. Muitos doentes acabam por evitar ambientes festivos, atividade física e até mesmo momentos de intimidade com receio de uma crise. Esse medo limita o dia-a-dia e pode levar, muitas vezes, ao isolamento.

Segundo a médica Isabel Rezende, esta conformação ocorre frequentemente de forma inconsciente. A pessoa “vai-se adaptando” e passa a evitar tudo o que possa ser um gatilho, diz na conversa.


As comorbilidades invisíveis

A asma frequentemente coexiste com outras patologias. Mais de 80% dos doentes asmáticos têm também rinite alérgica. E não é raro encontrarem-se outras condições associadas, como apneia do sono, obesidade ou até ansiedade e depressão. Estas comorbilidades podem complicar o diagnóstico, agravar os sintomas e interferir com a adesão farmacológica. 

Neste episódio, as médicas destacam como a ansiedade pode desencadear ou agravar crises e, por sua vez, as crises alimentam a ansiedade, logo inicia-se um ciclo muito difícil de quebrar. Para a imunoalergologista, quebrá-lo passa por reconhecer esta relação e por integrar práticas como a respiração diafragmática, o mindfulness e o acompanhamento psicológico no plano terapêutico.

Mitos que continuam a limitar vidas

Um dos mitos mais comuns sobre a asma é o de que é uma doença pediátrica que desaparece com o crescimento. Por outro lado, também se diz que os medicamentos de controlo diário “viciam” ou “engordam”. E ainda há quem acredite que o exercício físico deve ser evitado, quando na verdade pode (e deve) ser feito com segurança, desde que a doença esteja controlada.

Sexo e asma: o que quase nunca se diz

O episódio também traz à tona um tema raramente abordado em consulta: o impacto da asma na vida sexual. O receio de uma crise durante a relação pode afetar o desejo, o prazer e a autoestima. De acordo com estudos, cerca de 40% dos doentes asmáticos referem que os sintomas interferem negativamente com a sua vida íntima.

 Isabel Rezende defende que é urgente normalizar esta conversa no contexto clínico. “A sexualidade continua a ser vista como um luxo”, diz, lembrando que o bem-estar emocional e relacional deve ser uma prioridade no tratamento de doenças crónicas como a asma.

Viver bem com asma é possível

Apesar de tudo, há uma boa notícia: na maioria dos casos, a asma pode ser bem controlada. Isso exige um plano terapêutico adequado, adesão à medicação preventiva, identificação e gestão de gatilhos, estilo de vida saudável e uma relação aberta com os profissionais de saúde.

A frase que melhor resume este episódio é clara: a asma não precisa de ser um obstáculo para uma vida plena. Precisa, sim, de atenção, estratégia e uma comunicação sem tabus.

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O Top of Mind é um podcast da BIAL, produzido pela MadreMedia e apresentado por Margarida Santos. O Podcast em que o conhecimento tem a palavra, é um espaço onde a ciência e a medicina inspiram e transformam.