
O alerta foi dado às 3h53, devido ao “derrame de mil litros de amoníaco”, disse um porta-voz do Comando Sub-regional da Grande Lisboa da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
A mesma fonte indicou que “foi acionado o veículo do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa especializado neste tipo de ocorrência” e que a fuga “já está controlada”.
O porta-voz disse que foi criado um perímetro de segurança com uma extensão de 200 metros, algo que levou à retirada de pessoas das suas habitações, “apenas por precaução”.
Por volta das 5h45, ainda estavam no local 26 operacionais e nove veículos, de acordo com o portal na Internet da ANEPC. Neste momento o incidente está em conclusão, mas ainda estão no local 30 operacionais com 11 meios terrestres.
Segundo informações da SIC Notícias recolhidas no local, o amoníaco é usado nos circuitos dos frigoríficos onde é armazenada a carne. Durante a madrugada, houve uma fuga num dos tubos que transportam o amoníaco.
Em declarações ao canal, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Sacavém, Armando Baptista, confirmou que o perímetro foi alargado por razões de segurança. A fuga está "seccionada", informou.
O comandante aproveitou ainda para pedir às pessoas nas proximidades para que não entrem em "pânico" e alertou: "Pode haver algum cheiro na casa das pessoas porque a fuga entrou na área pluvial e, portanto, é provável que, através das condutas de água, possa chegar a casa das pessoas. Podem sentir um ligeiro cheiro. Não têm de entrar em pânico", disse, referindo que "não há risco".
Armando Baptista também que "22 pessoas foram retiradas de casa e 39 retiradas no imediato de uma empresa contígua". Depois, foi promovida a "evacuação de outras empresas num número superior a 170 pessoas".
No local estão também os Sapadores de Lisboa, com uma unidade especial de matérias perigosas, e, em coordenação com o serviço municipal de proteção civil, estão a monitorizar a situação.
O que é o amoníaco?
O amoníaco é um composto químico constituído por um átomo de nitrogénio (N) e por três átomos de hidrogénio (H). Estes átomos distribuem-se numa geometria molecular piramidal trigonal e a fórmula química do composto é NH3.
Com odor característico e sufocante, muito solúvel na água. O líquido reage com a libertação de gases tóxicos e é explosivo em contacto com hipoclorito (“lixívia”). Não pode estar exposto a fontes de calor e luz solar direta e caso exposto a fonte de calor liberta vapores tóxicos.
A respiração de gás que tenha amoníaco pode causar:
- Aumento da pressão sanguínea, irritação da pele, dos olhos e das vias respiratórias, tosse, e dor pulmonar;
- A inalação pode causar dificuldades respiratórias, queimadura da mucosa nasal, faringe e laringe, e edema pulmonar;
- Quando em contacto com a pele, causa dor, eritema (coloração avermelhada da pele provocada por vasodilatação capilar - sinal de inflamação). Em altas concentrações pode haver queimaduras profundas. Em contacto com os olhos em baixa concentração origina irritação ocular e lacrimejar dos olhos. Quando em concentrações mais altas, pode causar conjuntivite (inflamação da conjuntiva ocular), erosão da córnea (parte anterior transparente protetora do olho) e cegueira temporária ou permanente;
- Podem também surgir reações tardias, como cataratas, atrofia da retina e fibrose pulmonar (substituição do tecido pulmonar por um tecido cicatricial);
- A ingestão causa náuseas, vómitos e inchaço nos lábios, boca e laringe.
O que fazer em caso de intoxicação?
- Lavar com água corrente as áreas expostas (por exemplo, olhos, cara, braços);
- Aplicar soro fisiológico nas narinas;
- Arejar a casa;
- Em caso de dificuldade em respirar deve ligar-se para o CIAV – 800 250 250.
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