Um inquérito realizado a alunos de 15 anos, durante os testes do programa internacional de avaliação de estudantes (PISA), revelou que quase metade dos jovens carenciados portugueses já tinha reprovado pelo menos uma vez, contra 8,7% de alunos de meios socioeconómico mais favorecidos, segundo o estudo, com dados referentes a 2018, divulgado hoje pela OCDE e em que Portugal surge a seguir à Bélgica, França e Luxemburgo na lista de países em que o problema de assimetria social é mais notório.
O inquérito foi repetido nos 79 países que participaram no estudo e, entre os países da OCDE, a Bélgica surgiu como o caso mais dramático, já que os alunos belgas desfavorecidos são os que têm mais probabilidades de chumbar.
Entre os alunos carenciados, 58,4% dos belgas já tinha chumbado pelo menos uma vez, contra cerca de 10% de estudantes de meios favorecidos. A diferença de quase 50 pontos percentuais colocou o país na pior posição da OCDE, seguindo-se a França, o Luxemburgo e Portugal.
Em média, na OCDE, para cada 20 alunos desfavorecidos que repetem um ano existem outros cinco de meios favorecidos.
Na lista dos 79 países surgem apenas quatro exceções: nas escolas do Azerbaijão, Nova Zelândia, Vietname e Taipe não existem disparidades associadas ao perfil socioeconómico dos alunos, refere o estudo da OCDE Effective Policies, Successful Schools (Políticas Efetivas, Escolas de Sucesso).
O relatório sublinha ainda que ao longo dos últimos anos tem-se registado uma tendência de diminuição da reprovação no ano letivo como forma de dar uma “segunda oportunidade”.
Também Portugal tem registado melhorias nos últimos anos, mas continua a surgir como um dos países onde o 'chumbo' é uma prática recorrente.
Entre os 79 países analisados, os alunos portugueses surgem em 13.º lugar no que toca a reprovações: um em cada quatro estudantes de 15 anos (26,6%) tinha reprovado pelo menos uma vez.
Nesta análise, os vizinhos espanhóis aparecem ainda mais mal classificados, já que 28,7% dos alunos também tinha reprovado.
Estes valores continuam longe da média da OCDE que se situa nos 11% de reprovações.
O relatório explica que o objetivo de reprovar um aluno é “dar-lhe uma segunda oportunidade” para adquirir conhecimentos e atingir o nível exigido, mas admite que os benefícios desta prática são relativos.
Os estudantes que repetem o ano tendem a ter piores desempenhos escolares e a ter uma atitude negativa perante a escola em relação aos colegas que nunca reprovaram, segundo estudos citados no relatório da OCDE.
Além disso, os que repetem o ano têm mais hipóteses de desistir de estudar antes de terminar o ensino obrigatório.
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