Num artigo publicado no Diário do Povo, o jornal oficial do Partido Comunista Chinês, Fu Ziying defendeu que os “feitos” alcançados por Macau, desde a transferência da soberania para a China, há 20 anos, “provam completamente” que a fórmula que garante à região um elevado grau de autonomia a nível executivo, legislativo e judiciário é “totalmente viável, realizável e popular”.
O desenvolvimento de Macau “mostra que os comunistas chineses contemporâneos não são apenas bons a formular políticas, mas também a alcançar resultados, e que têm a habilidade para liderar o povo”, defendeu Fu.
“Com o forte apoio do Governo central e do continente chinês, o governo da Região Administrativa Especial de Macau e as pessoas de todas as esferas de Macau trabalharam juntas para criar o melhor estado de desenvolvimento na história de Macau e concretizar um capítulo colorido da prática [da fórmula] ?um país, dois sistemas'”, escreveu.
O artigo surge três semanas após a região semiautónoma chinesa celebrar vinte anos desde a transferência de soberania de Lisboa para Pequim, mas na véspera de se realizarem eleições presidenciais em Taiwan, para onde a fórmula ‘um país, dois sistemas’ foi originalmente pensada, mas que a recusou.
A ilha tornou-se, entretanto, uma democracia, onde o seu povo se identifica cada vez mais com a condição de “taiwanês”, por oposição a uma identidade comum com os chineses do continente.
O Partido Progressista Democrático (DPP, na sigla em inglês), partido no poder e pró-independência, deverá ganhar as eleições de sábado, derrotando o Partido Nacionalista (Kuomintang), da oposição e afeto a Pequim.
Fu Ziying lembrou que o “poder do patriotismo e o amor por Macau” constitui a “espinha dorsal” da prática de ‘um país, dois sistemas’.
“A vasta maioria dos compatriotas em Macau acredita firmemente na fórmula’?um país, dois sistemas’ e acredita que os princípios daquela fórmula são os melhores para assegurar a prosperidade e a estabilidade de Macau a longo prazo”, defendeu.
A candidata do DPP e atual presidente taiwanesa, Tsai Ying-wen, tem beneficiado da frustração em Hong Kong com aquela solução, que resultou na pior crise política do território, desde a transferência de soberania, em 1997, pelo Reino Unido.
Em junho passado, um projeto de lei que permitiria extraditar criminosos para países sem acordos prévios, como é o caso da China continental, e entretanto retirado, desencadeou protestos que se prolongaram até à data, e marcados por cenas de vandalismo e confrontos com a polícia.
China e Taiwan vivem como dois territórios separados desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. No entanto, Pequim considera Taiwan parte do seu território, e não uma entidade política soberana, e ameaça usar a força caso a ilha declare independência.
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