A partir de agora, exige-se ter pai ou avô nascido em Itália para solicitar a nacionalidade, quando antes era suficiente um bisavô ou um trisavô, segundo a reforma do "Ius sanguinis" aprovada no Conselho de Ministros.

As condições deverão ser ainda mais rigorosas, pois depois "será imposto aos cidadãos nascidos e residentes no exterior" e naturalizados italianos "manter vínculos reais com o nosso país, exercendo os direitos e deveres de cidadania pelo menos uma vez a cada 25 anos", diz o texto. Esses direitos e deveres não foram especificados.

"O princípio do direito de sangue não será abolido e muitos descendentes de emigrantes poderão obter a nacionalidade italiana", assegurou o chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, após o Conselho de Ministros.

"Mas serão estabelecidos limites precisos, especialmente para evitar abusos ou a 'comercialização' dos passaportes italianos. A nacionalidade deve ser uma coisa séria", acrescentou.

O ministério cita como exemplo a Argentina, que tem a maior comunidade de imigrantes italianos fora da Itália, onde 20 mil descendentes obtiveram a nacionalidade em 2023 em virtude do direito de sangue, e 30 mil em 2024.

Um deles foi precisamente o presidente argentino, Javier Milei, que obteve a cidadania em dezembro durante uma viagem a Roma mediante um procedimento acelerado.

Embora o economista liberal cumprisse os requisitos por causa dos seus antepassados calabreses, a medida provocou indignação na oposição que reivindica que Meloni flexibilize as leis de cidadania para os imigrantes.

O ministério italiano também destacou o caso do Brasil, onde 14 mil pessoas obtiveram o passaporte italiano em 2022 e 20 mil em 2024.

De acordo com um cálculo do Ministério dos Negócios Estrangeiros italiano, com a lei que estava em vigor até agora, entre 60 e 80 milhões de pessoas no mundo poderiam reivindicar a nacionalidade italiana.