Pedro Maia Tempester é um jovem de 23 anos, nascido e criado no interior de São Paulo. Aos 11 anos, passou a ser conhecido como MC Pedrinho, e tornou-se num nomes mais populares do funk brasileiro.

Foi com "Dom Dom Dom" que chamou à atenção do público brasileiro, e rapidamente tornou-se num jovem fenómeno. Com letras ousadas, a música, que facilmente se tornou um sucesso, não foi bem recebida por todos e marcou o início da carreira de Pedrinho com complicações jurídicas.

"Eu fui mandado para uma cova de leões com 11 anos de idade. Tive que passar por três ou quatro audiências, com juízes e procuradores, como se fosse um bandido", conta ao SAPO24.

"Eles reeducaram-me. Na altura, disseram-me que se não fizesse outro tipo de músicas, nunca mais iria poder cantar."

Em 2015, MC Pedrinho fez um acordo com o Ministério Público para adequar as suas músicas ao público mais jovem. Comprometeu-se a adotar uma série de medidas, sob pena de multa que ultrapassava os 50 mil reais.

Um recomeço antecipado

Aos 12 anos, MC Pedrinho começou a escrever músicas mais românticas, com o objetivo de não perder a carreira que tinha acabado de começar. Escreveu "Nosso Amor" e conta que os antigos sócios ouviram a música e disseram que não adiantava lançá-la.

Pedrinho insistiu, e passado uma semana, a música contava com 12 milhões de visualizações.

"Na altura, não sabia como fazer rimas de amor. Fui à internet e pesquisei frases românticas, e encontrei logo uma de Shakespeare, sem saber. Passado alguns anos disseram-me que era impressionante ter citado Shakespeare, mas eu não fazia ideia que o tinha feito até então", relembra entre risos.

"Foi a música e o público que tiraram a minha família de onde estávamos. Só tenho que agradecer a Deus, e sinto-me demasiado honrado por ter este carinho, que sempre sonhei."

A conquista de Portugal

Foi com "Dançarina", que lançou em conjunto com Pedro Sampaio em 2022, que MC Pedrinho conquistou Portugal. A música conta mais de 145 milhões de streams no Spotify e recebeu quatro certificações de Platina, em Portugal.

"O pessoal vai à loucura com "Dançarina". Eu até fiz uma tatuagem com o nome da música no tornozelo, porque foi esta que mudou a minha vida".

Ontem apresentou-se no LAV, em Lisboa, com o espetáculo "Baile do MC Pedrinho". O concerto marca a 9ª vez do cantor em Portugal e cada vez que vem até à Europa, garante sentir-se "abençoado" pelo carinho do público.

"Cada vez que eu venho é uma oportunidade nova, que eu tenho que abraçar não só com os braços, mas com o corpo e alma toda. Passei por diversas fases e o pessoal acompanhou o meu crescimento. Foi a música e o público que tiraram a minha família de onde estávamos. Só tenho que agradecer a Deus, e sinto-me demasiado honrado por ter este carinho, que sempre sonhei."

Os sonhos de Pedrinho

No entanto, MC Pedrinho garante que tem ainda "muitos mais sonhos" para cumprir. Um deles é lançar um livro, um filme, ou uma série sobre a sua vida.

"Eu só tenho que ter a cabeça certa para poder chegar onde eu quero. Porque demora muito para subir, mas para cair basta um segundo", diz.

Surpreendentemente, um dos sonhos de MC Pedrinho é também parar de cantar funk, e arriscar-se noutros estilos musicais.

"Eu penso muito na minha carreira daqui a uns anos. Não quero falar mais de mexer o bumbum. Quero ser como o Michael Jackson, o Elvis Presley e o Justin Bieber. Eles só falam de amor, da natureza, da desigualdade do mundo."

Mas antes disse, Pedrinho quer deixar um legado.

"Primeiro eu tenho fazer o que o público quer, a música da noite, porque, por enquanto, preciso de fazer dinheiro. Depois, acho que vou deixar o funk de lado para poder passar mais mensagens, vai ser o que o mundo precisa."

Mas por enquanto, diz que vai vivendo "devagarinho".

"Todas as oportunidades, e todos os concertos que faço, são maravilhosos e únicos. É sempre um momento especial, porque tenho que entregar a melhor energia possível. Quando estou a gravar em estúdio também tenho que parar e deixar toda a energia possível em cima do som."

Relativamente a colaborações de sonho, MC Pedrinho afirma que "mudaria" a sua vida gravar com três artistas - Justin Bieber, Bad Bunny e Young Thug.

"Eu penso muito na minha carreira daqui a uns anos. Não quero falar mais de mexer o bumbum. Quero ser como o Michael Jackson, o Elvis Presley e o Justin Bieber. Eles só falam de amor, da natureza, da desigualdade do mundo."

A liberdade musical, 10 anos depois

Em 2024, MC Pedrinho decidiu sair da gravadora GR6 , onde estava desde os 11 anos, altura em que foi descoberto por um dos fundadores da empresa.

Começou do zero e fundou a própria gravadora, à qual chamou "Só Crazy" e gere em conjunto com a mãe e a irmã.

"Viver daquilo que sonhamos é uma coisa muito louca, ainda por cima quando temos pessoas à nossa volta que vêm o nosso talento e começam a aproveitar-se disso. Agora estou num momento bem mais leve, com a minha família, e com a liberdade de fazer as coisas da maneira que eu quero", conta.

O nome escolhido não foi ao acaso, e representa o conceito de viver uma vida de forma leve e tranquila. MC Pedrinho, conhecido pela sua extravagância e energia em palco, admite não ter "vergonha de nada".

"Eu não me importo com nada do que falem de mim. Só quero ser feliz, e representar este pessoal meio louco, que também não se importa com nada. Eu vejo que ainda vou inovar muito, só os loucos sabem", disse citando Charlie Brown Jr.

"Eu venho para representar o mundo. Vêm aí coisas boas."