“Reconheci-o quando apareceu na Praça de São Pedro”, conta Masella, numa entrevista publicada hoje no diário italiano Il Messaggero.

Valeiro Masella, de 26 anos, revela que foi o instrutor que acompanhou Prevost durante quase dois anos num ginásio anexo ao Vaticano.

“Ninguém no ginásio sabia que Robert, agora Leão XIV, era cardeal, nem eu que o treinava”, confessa.

Segundo Masella, o novo Papa, de 69 anos, “era bastante constante no seu treino” e costumava treinar “durante uma boa hora” de cada vez que ia ao ginásio. “Vinha duas vezes por semana, por vezes até três vezes por semana”, adianta.

“Via-o sempre chegar de manhã, os horários também podiam mudar. Às vezes era mais cedo, outras vezes a meio da manhã. Penso que tinha a ver com compromissos de trabalho, embora nunca tenhamos falado sobre isso e eu nunca lhe tenha perguntado”, acrescenta, confidenciando que o novo Papa falava “pouco ou nada” durante o treino.

Segundo o treinador pessoal, o cardeal Prevost “era muito reservado, mas sempre muito simpático e sorridente”, e, “de vez em quando, trocávamos algumas impressões. Disse-me que tinha praticado muito desporto em criança e que era apaixonado por várias disciplinas”.

Acrescenta que nunca pensou que Prevost fosse um cardeal e que, na realidade, o considerava um professor ou um académico.

O treinador sublinha que, “para a sua idade”, o atual Papa tem “uma forma física excecional, típica de alguém que nunca deixou de praticar desporto, com uma excelente relação entre massa muscular, massa óssea e massa gorda”. Sublinha, também, que “tem uma grande resistência física”.

“Começávamos com algum exercício aeróbico e um aquecimento, utilizando algumas máquinas como a passadeira ou a bicicleta ergométrica”, explica.

Meia hora depois, fazia “exercícios úteis para fortalecer os músculos e outros mais específicos para a postura”, diz.

“Imaginava que era um homem muito ocupado”, diz Masella, adiantando que nunca sentiu que ele fosse uma pessoa sob “stress”.

No entanto, Masella nunca soube exatamente qual era a sua profissão.

“Quando ele foi eleito Papa, ao vê-lo na televisão, reconheci-o imediatamente. Não acreditei”, comenta.

“Na prática, formei o futuro pontífice: é inacreditável, mas, para mim, ele era um cliente como outro qualquer e comportou-se como todos os clientes do ginásio”, conclui.

O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, 69 anos, foi eleito Papa no dia 08 de maio, ao fim de dois dias de conclave, e assumiu o nome de Leão XIV.

Nascido em Chicago, Estados Unidos, tem ascendência espanhola e nacionalidade peruana, e pertence à Ordem de Santo Agostinho. Era até agora prefeito do Dicastério para os Bispos.

Leão XIV sucede ao Papa Francisco, que morreu em 21 de abril, aos 88 anos.

No domingo, 18 de maio, tem lugar a missa de inauguração do seu pontificado.