Em comunicado divulgado hoje, o PCP revela que entregará esta semana um requerimento na Assembleia da Republica para ouvir o secretário de Estado depois de este ter afirmando que “um estado de direito tem de regulamentar as atividades e não fazer caça à multa”.
De acordo com os comunistas, o secretário de Estado Adjunto, “seguindo o argumentário da estratégia de comunicação de uma dessas referidas multinacionais (…) devia ser considerado um mecanismo de limpeza destas contraordenações para depois se fazer então cumprir a nova lei”.
O PCP considera que tais afirmações “constituem uma espécie de manifesto de apoio às multinacionais que têm vindo a agir à margem da lei”, defendendo para estas “um regime de impunidade e amnistia corporativa e chamando a esse regime o nome impróprio de ‘estado de direito’”.
Para os comunistas, trata-se de “declarações insultuosas” para a Assembleia da República e para “todos aqueles que cumprem a Lei”, até porque existem cerca de 900 processos de contraordenação somando quatro milhões de euros em coimas.
“Tal facto resulta da opção consciente e reiterada das multinacionais em prosseguir conscientemente uma atividade ilegal”, lê-se no texto.
O PCP considera de uma enorme gravidade” que um governante defenda desta forma um “mecanismo de limpeza de contraordenações”, seja para quem for, e logo “para multinacionais que desde o início desenvolvem atividades ilegais”.
Para o PCP, as declarações são “mais um inquietante sinal” quanto à atuação do Governo de “cobertura à atividade ilegal das multinacionais Uber e Cabify” enquanto empresas de transporte de passageiros e que “ameaçam a destruição do setor do táxi, predominantemente composto por micro, pequenas e médias empresas nacionais”.
Em entrevista ao Expresso, José Mendes sugeriu que sejam perdoadas as multas à Uber e à Cabify no âmbito da lei 35/2016, que pune “táxis sem alvará” e onde estão incluídas as plataformas eletrónicas de transportes.
“Parece-me excessivo que mais de três mil motoristas sejam considerados fora da lei, sobretudo quando estamos há um ano para aprovar a lei”, afirmou José Mendes. Para o secretário de Estado, “um Estado de direito tem de regulamentar as atividades e não fazer caça à multa”.
“Devia ser considerado um mecanismo de limpeza destas contraordenações para depois se fazer então cumprir a ler”, considerou em entrevista ao Expresso José Mendes.
Até dezembro de 2017, já foram aplicadas cerca de 900 multas a motoristas da Uber e da Cabify no âmbito desta lei publicada em Novembro de 2016. No total, as multas já ultrapassaram os 4 milhões de euros, de acordo com os dados do Expresso.
A lei 35/2016, que entrou em vigor em novembro, regulamenta o acesso à atividade e ao mercado dos transportes em táxi e reforça as “medidas dissuasoras de atividade ilegal" no setor.
A lei reforçou as coimas pelo exercício ilegal de transporte de táxi. Pelo exercício da atividade sem o alvará, as coimas passaram a ser entre 2.000 e 4.500 euros (pessoa singular) e entre 5.000 e 15.000 (pessoa coletiva).
A proposta de lei do Governo para regulamentar a atividade de transporte de passageiros em veículos descaracterizados foi discutida na Assembleia da República a 17 de março.
O diploma não foi votado no plenário e baixou à comissão de Economia, Obras Públicas e Inovação para debate na especialidade.
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