Ana Rita Cavaco concorda com a descrição feita pelos administradores hospitalares de que a situação com a greve dos enfermeiros a cirurgias programadas é “extremamente grave”, mas assegura que os profissionais estão até a ir além dos serviços mínimos decretados.
Segundo a Ordem, mais de 4.000 cirurgias já foram adiadas desde que começou a greve, há menos de duas semanas, uma paralisação que se prolonga até final do ano. Ana Rita Cavaco diz não compreender as razões pelas quais o Ministério não divulga o número de cirurgias afetadas pelo protesto dos enfermeiros.
“Espero que não venham acusar os enfermeiros de estarem a ser eticamente incorretos relativamente ao cumprimento dos mínimos. Os enfermeiros estão a cumprir tudo o que é exigido em termos de serviços mínimos e até além disso”, comentou em declarações à agência Lusa a representante dos enfermeiros, indicando que há até cirurgias oncológicas que estão a registar menos tempo de espera.
“Não vou permitir que nenhuma classe profissional venha pôr em causa a deontologia e a ética dos enfermeiros relativamente aos doentes”, sublinhou Ana Rita Cavaco.
A bastonária indica ainda que não cabe aos enfermeiros definir os planos operatórios. Por exemplo, entre operar um doente oncológico de ortopedia ou um paciente com uma fratura exposta, cabe ao médico cirurgião tomar essa decisão.
Hoje, os administradores hospitalares alertaram que há doentes em situações graves que estão a ver as cirurgias adiadas com a greve dos enfermeiros, considerando que o panorama é “extremamente grave”.
“Existem várias situações de doentes que necessitam de forma urgente de uma cirurgia sem que seja contemplada pelos serviços mínimos, que, na prática, consideram doentes oncológicos e os que entram pela porta da urgência”, afirmou à agência Lusa o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares.
Isto porque, segundo o responsável, os serviços mínimos decretados para esta greve são serviços mínimos típicos para uma greve de um, dois ou três dias, quando esta paralisação vai durar no total mais de um mês, até ao final de dezembro.
Para Alexandre Lourenço, a situação atual nos hospitais onde decorre há uma semana e meia a greve dos enfermeiros em blocos operatórios é “extremamente grave”.
“Há um conjunto de doentes que se não forem operados vão ter danos claros sobre o seu estado de saúde que não será recuperado no curto ou no longo prazo”, declarou.
O presidente da associação dos administradores hospitalares apela ao Ministério da Saúde para que divulgue aos portugueses as situações de doentes graves com cirurgias adiadas ou que autorize as administrações dos hospitais a fazerem-no.
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