André Ventura, do Chega, foi o primeiro a reagir ao dizer que o "Governo começa a ficar numa situação insustentável" e pede ao Presidente da República para "ponderar se está ou não em causa o normal funcionamento das instituições", diz o tweet do deputado publicado pelas 00h30.
Já Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, diz que apesar da saída do ministro das Infraestruturas e Habitação, as "dúvidas persistem" face às "opções políticas feitas em torno da TAP".
O caso TAP "não é único", diz a deputada em uma mensagem publicada pelas 00h50, referindo-se à banca e às parcerias público-privadas.
O líder do PSD, Luís Montenegro, reagiu esta manhã ao considerar que o PS traiu a confiança dos portugueses, sublinhando que um primeiro-ministro e um Governo "de truques, habilidades e trapalhadas" geram instabilidade. Na rede social Twitter, Montenegro escreveu que " o PSD continuará hoje a exigir as explicações que faltam e continuaremos a construir a Alternativa que dará ESPERANÇA a Portugal. NOVA FORÇA, NOVO CAMINHO".
Mais tarde, também Paulo Rangel acrescentou em nome do Partido Social Democrata que António Costa “dê uma explicação cabal” na Assembleia da Republica “já na próxima semana”, considerando que há uma “epidemia de crises políticas” no Governo.
Em conferência de imprensa, no Porto, o vice-presidente do PSD disse que “o primeiro-ministro não se pode esconder” e “tem de dar explicações ao país” no parlamento, na próxima semana, numa debate requerido pelos sociais-democratas.
“Doutor António Costa, o tempo não é de se esconder. O tempo é de responder (…). Nunca nos habituaremos a esta navegação à vista sem rumo. Nunca nos habituaremos a esta política de empobrecimento”, disse Paulo Rangel.
O social-democrata considerou que o Governo “deixou de governar” e está dedicado “à resolução de crises internas”.
“Esta é uma crise grave, muito grave. António Costa e o PS obtiveram maioria absoluta para criar um governo estável. Mas neste momento a maioria absoluta é um fator de instabilidade. Assistimos a uma epidemia de crises políticas com 11 demissões em sete/oito/nove meses”, disse o vice-presidente do PSD.
Paulo Rangel disse que este é um “recorde lamentável” e falou em “degradação política”.
A Iniciativa Liberal vai apresentar uma moção de censura ao Governo. “Este estado de coisas não pode continuar, este Governo não pode continuar, portanto, anuncio que a Iniciativa Liberal vai apresentar, logo que possível, uma moção de censura ao Governo de António Costa”, anunciou João Cotrim de Figueiredo em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, tendo a seu lado o líder parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva.
João Cotrim de Figueiredo defendeu que “quem não acompanhar a IL na aprovação desta moção de censura será conivente, será cúmplice com o estado em que o país crescentemente vai ser conduzido por este Governo, que está em absoluta desagregação”.
Elencando os motivos que levaram à apresentação da moção de censura, o líder da IL salientou que, em nove meses de Governo, “houve 11 demissões, houve inúmeros casos, houve serviços públicos em autêntico colapso”, como na saúde e na educação, e assiste-se a um “sistema de Segurança Social que não tem sustentabilidade garantida, com emigração de jovens em massa, com uma economia a não crescer aquilo que podia”.
“É um Governo que, nestes nove meses, mostrou uma arrogância crescente, de uma maioria absoluta que se acha dona do poder absoluto, e também de um clima generalizado de incompetência e de irresponsabilidade no país”, acusou.
Para Cotrim de Figueiredo, na raiz destes problemas está o facto de o Governo ter sido constituído “não tanto para tratar dos problemas que interessam aos portugueses e do interesse público”, mas antes para “aplacar as lutas internas dentro do próprio PS”.
Já o PCP defende que censura dos comunistas é feita “à política do Governo” e afirmou que mais importante do que a saída do ministro Pedro Nuno Santos é reverter o processo de privatização da TAP.
“A nossa censura é à política do Governo. Uma política que no caso desta empresa pública [TAP], [é] uma política de destruição do serviço público, uma política que não resolve os problemas essenciais do país e para nós a censura é essa”, defendeu Jorge Pires, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP.
“Com este ou com aquele ministro, o Governo existe mas é para resolver estes problemas que ele deve governar”, sustentou.
O dirigente comunista defendeu que “as opções políticas que levam à adoção de práticas correntes em vigor nos grupos económicos e financeiro quanto ao estatuto dos gestores”, põem em “evidência o chocante contraste com a generalidade dos trabalhadores, que viram as suas indemnizações por despedimento reduzidas no período da ‘troika’ e que continuam a não ser revistas e valorizadas, apesar das iniciativas do PCP nesse sentido”.
“Mais do que saber quais os próximos titulares, o interesse nacional exige é que seja revertido o processo de privatização da TAP que o Governo tem em curso com o aplauso do PSD, do CDS, do Chega e da IL e a gula antecipada das transportadoras estrangeiras que veem nisso uma imensa oportunidade para a sua estratégia de dominação do setor”, alertou.
Sem querer “desvalorizar o significado político” dos acontecimentos dos últimos dias no Governo, com a demissão também da secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, o PCP realçou outras prioridades.
“O que realmente os trabalhadores e o povo querem ver é a resposta aos seus problemas mais prementes que afetam a sua vida, com uma política que assegure o aumento dos salários e pensões, o controlo dos preços, a valorização do serviço público, a começar pelo Serviço Nacional de Saúde, garantindo o efetivo direito à saúde e a uma escola pública de qualidade, a garantia do direito à habitação”, salientou.
O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, pediu ao Presidente da República que dissolva a Assembleia da República e convoque eleições legislativas antecipadas, considerando que o “ciclo socialista terminou, o Governo está esgotado”.
“O ciclo socialista terminou, o Governo está esgotado, o país está novamente num pântano, o que põe em causa o normal funcionamento de instituições básicas do regime”, afirmou o eurodeputado numa nota divulgada à comunicação social.
Na mesma nota, o CDS-PP “apela ao senhor Presidente da República para dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas, devolvendo a palavra aos portugueses para resolverem esta crise política”.
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, exigiu a António Costa, e ao ministro das Finanças, Fernando Medina, explicações já esta semana sobre as circunstancias em torno das demissões de Alexandra Reis e de Pedro Nuno Santos.
“O que nós exigimos é que o Governo venha já, pela voz do primeiro-ministro, dar resposta a todas estas matérias. Sobre legalidades de pagamentos a Alexandra Reis, sobre o regime de privilégios da TAP, sobre a forma como existe aparentemente a condução de um percurso de alguém que chega a membro do Governo. Ou não sendo descortinada devidamente, isso tem responsabilidades políticas, ou se sendo aceite um percurso que é questionável e moralmente repreensível, isso também tem responsabilidades políticas. Sobre estas matérias o Governo deve explicações ao país”, declarou Pedro Filipe Soares.
Em conferência de imprensa, no Porto, o dirigente e líder parlamentar bloquista defendeu que o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro das Finanças, Fernando Medica, não podem dar explicações só quando os trabalhos forem retomados na Assembleia da República.
“Estamos a meio desta semana. Não pode esperar até à próxima semana para falar ao país. Isso seria incompreensível”, afirmou.
(notícia atualizada às 12h48)
*com Lusa
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