Hoje o dia ficou marcado pela ausência de notícias nas bancas, nos sites, nas rádios e na televisão, com mais de quatro dezenas de órgãos de comunicação social parados a 100%.
Esta quinta-feira, os jornalistas fizeram greve contra os baixos salários, precariedade e degradação das condições de trabalho, como pode ser consultado no caderno reivindicativo aqui.
Mais de quatro dezenas de meios 100% parados foram os últimos números do Sindicato dos Jornalistas, que nota que além destes existem ainda uma dúzia de outros meios afetados de forma expressiva e a agência Lusa decidiu interromper o serviço.
Recorde-se que os “Jornalistas sem papel” subscreveram uma carta aberta, que alerta para os baixos salários e para a precariedade em que vive o setor. A missiva é assinada por 258 jornalistas de meios como TSF, Lusa, Jornal de Notícias, Rádio Renascença, Sábado, Público, Porto Canal, SIC Notícias, Setenta e Quatro, Diário de Notícias, Expresso, 7Margens, Fumaça, A Voz do Operário, Açoriano Oriental, Antena 1, Renascença, Maisfutebol, Gerador, Correio da Manhã, TVI/CNN e também por vários 'freelancers'.
Segundo o inquérito às condições de vida e trabalho dos jornalistas em Portugal (2023), citado no documento, cerca de um terço do setor recebe, mensalmente, entre 701 e 1.000 euros líquidos, 15% dizem ser alvo de assédio moral e quase metade tem níveis elevados de esgotamento.
Os jornalistas sublinharam ainda que uma redação precária “perde a capacidade de definir o seu critério editorial”, e que sem a contratação de mais profissionais há menos reportagens e investigação. A isto soma-se a “constante exigência de híper produtividade”, que desvirtua o jornalismo.
“Baixos salários e precariedade impedem-nos de ter uma vida digna. É tempo de exigir condições justas para fazermos jornalismo de qualidade. Juntamo-nos ao apelo da greve dos jornalistas. Parem connosco”, lê-se no documento.
A greve dos jornalistas já recebeu solidariedade dos mais diversos setores. O último a manifestar-se foi o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que numa nota publicada no site da Presidência destaca "o papel fundamental do jornalismo e de jornalistas livres e independentes na nossa Democracia".
Também no dia de hoje, o líder do PCP foi recebido pelo chefe de Estado depois das Eleições Legislativas deste domingo, e esperavam-se declarações durante esta tarde, tal como aconteceu com os restantes líderes já recebidos do PAN e Livre. Porém, tendo em conta a greve dos jornalistas decretada para esta quinta-feira, Paulo Raimundo acabou por não falar após 1h20 com o Presidente.
O líder da AD (Aliança Democrática), Luís Montenegro, a coligação vencedora das últimas eleições, também deixou uma palavra aos jornalistas nas redes sociais.
"Hoje, a notícia é a ausência de notícias. O Jornalismo é vital para a democracia: só há jornais, televisões e rádios fortes, livres e independentes com jornalistas fortes, livres e independentes", refere Montenegro.
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