O Conselho Nacional aprovou no domingo, com 64% de votos a favor, a convocatória do 29.º Congresso do CDS-PP para os dias 27 e 28 de novembro, datas propostas pela direção.
A reunião magna dos centristas, na qual será eleito o próximo presidente do partido e a sua direção, vai ser antecipada em dois meses, uma vez que o último se realizou no final de janeiro do ano passado e os congressos do CDS-PP acontecem ordinariamente de dois em dois anos.
Nuno Melo já tinha criticado, durante o Conselho Nacional que decorreu à porta fechada, a coincidência com a data do congresso do Chega, considerando um “absurdo” o CDS “partilhar o palco”, segundo transmitiram à agência Lusa conselheiros que acompanharam a reunião.
Hoje, através de uma publicação na sua página oficial na rede social Facebook, o candidato à liderança defendeu ser “de senso comum que não faz nenhum sentido que um congresso do CDS que estatutariamente seria realizado em janeiro de 2022 sem qualquer polémica, tenha sido antecipado para os dias 27 e 28 de novembro, data para a qual o partido Chega já tinha o respetivo congresso agendado”.
“Seria difícil imaginar maior absurdo do ponto de vista político, uma espécie de crime de lesa-partido”, criticou, argumentando que, “num dos momentos políticos e mediáticos mais importantes para a vida de qualquer partido, quando o CDS deveria estar a falar para o país sozinho”, a direção “decidiu partilhar o palco com o André Ventura e o Chega”.
Na ótica do eurodeputado, o CDS só se poderia “querer separar e distinguir, por todas as óbvias razões”.
“Toda a pressa, com violação de regras regimentais, tem uma única razão de ser: impedir-me de dar a volta ao país, falando com militantes e estruturas de Norte a Sul no continente, nos Açores e na Madeira. Devo dizer que só reforçam a minha determinação e a nossa motivação”, garantiu, na mesma publicação.
Numa crítica ao atual presidente do partido e seu opositor corrida à liderança, Francisco Rodrigues dos Santos, Nuno Melo assumiu que quer ganhar o congresso da mesma forma como o “CDS deve querer conquistar o país, com valores e com princípios”, e defendeu que os dirigentes têm de “praticar dentro” o que dizem “ser importante fora”.
O também líder da distrital de Braga do CDS-PP salientou que não tem “qualquer intenção de refazer frisos do passado” e que a sua candidatura “parte do pressuposto de que num momento em que o CDS está tão fragilizado e dividido, no dia seguinte ao congresso serão precisos todos para reerguer o partido”.
Assim, disse que quer “contar com pessoas de todas as tendência e fações” e “juntar os mais capazes, e esses não são definidos por barricadas”.
Nuno Melo apontou também que quer “juntar novos quadros” para renovar o CDS e argumentou que o “único critério” que lhe faz sentido é “o mérito”.
Antecipando “muitos ataques pessoais” nos próximos tempos e “excessos de linguagem absolutamente desnecessários”, o candidato à liderança pediu ainda aos seus apoiantes que “recusem responder no mesmo tom ou usar conduta parecida”, estabelecendo que “elevação na linguagem e um comportamento sereno e adulto serão uma marca fundamental deste projeto”.
“Temos de nos distinguir também pelo modo como nos comportamos, porque da forma como nos comportamos e reagimos decorrerá necessariamente a avaliação que Portugal – que queremos convencer em relação ao CDS no futuro – fará do partido e aos seus protagonistas”, salientou Nuno Melo.
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