Posições assumidas por Manuel Caldeira Cabral em declarações à agência Lusa no final de quatro dias de visitas oficiais do primeiro-ministro, António Costa, à Argentina e ao Chile.
Manuel Caldeira Cabral salienta ainda que esses projetos em vias de serem lançados nestes dois países da América Latina podem ser captados, não apenas pelas grandes empresas portuguesas (caso da Mota-Engil), mas também por outras de média dimensão mais especializadas.
"Na Argentina e no Chile há enormes oportunidades para as empresas portuguesas. As empresas portuguesas devem estar atentas ao que se passa neste dois países", sustentou o ministro da Economia.
Neste balanço das suas visitas à Argentina e ao Chile, uma das principais conclusões tiradas por Manuel Caldeira Cabral é que, desta vez, os concursos que serão lançados pelas autoridades políticas de Buenos Aires e de Santiago adequam-se a um vasto leque de firmas nacionais.
"Além das empresas já presentes nos mercados da América Latina, na Argentina e Chile há agora também oportunidades para outros negócios mais de nicho para empresas de média dimensão, mas muito especializadas e que fazem já muito bem áreas de engenharia, de projeto, de fornecimento de materiais ou de soluções para produtos metálicos. As empresas portuguesas têm capacidade para assumir obra, não só no caso da Mota-Engil, que tem grandes projetos internacionais, mas também empresas nacionais de engenharia de média dimensão, especializadas em pontes, barragens ou áreas técnicas específicas de construção. Algumas já cá estão na América Latina ligadas a parques de energias renováveis", referiu.
Por outro lado, segundo este membro do Governo socialista, as autoridades argentinas e chilenas transmitiram claramente ao executivo de António Costa que "querem a presença de empresas estrangeiras para que tragam mais capacidade tecnológica".
"Na Argentina e no Chile estão em curso grandes projetos de infraestruturas em áreas muito diversas que incluem, estradas e ferrovias, obras nos setores sanitário e ambiental. Na Argentina, devido a uma longa paragem de 20 ou 30 anos em termos de grandes obras, as empresas locais não têm hoje muito conhecimento em áreas específicas, razão pela qual precisam de empresas estrangeiras", justificou.
O Chile, por sua vez, segundo o ministro da Economia, "tem agora projetos avaliados em 30 mil milhões de dólares para construção de um sistema de infraestruturas - um plano global bem delineado, financiado por fundos nacionais designadamente os ligados aos recursos naturais [sobretudo ao cobre]".
"Este país quer dar um novo grande salto ao nível das infraestruturas. Ainda no que respeita ao Chile, o Governo português registou que vai ser aberto um grande concurso para a ampliação da rede de metro de Santiago, a par de uma extensão do metropolitano de Valparaíso - e já há empresas portuguesas envolvidas em obras em redes de metro no México", completou o membro do executivo.
Interrogado sobre o caráter de menor segurança e confiança que existe em relação a potenciais investimentos na Argentina - país com um sistema político e económico-financeiro mais volátil -, Manuel Caldeira Cabral defendeu porém que há recentes progressos relevantes neste país.
"É muito importante referir que na Argentina foram criados fundos de garantia de investimentos, tendo base em apoios do Banco Mundial e, ainda, financiamentos do Banco Interamericano para o Desenvolvimento. Em algumas obras, não em todas, o financiamento e o pagamento estão garantidos, o que dá uma confiança diferente às empresas estrangeiras", frisou.
O ministro da Economia reconheceu que o Chile "é um mercado mais estabilizado" do que o argentino, mas adiantou que a Argentina "está a querer mudar as regras em termos de contratação pública, introduzindo maior abertura e transparência".
"Os argentinos têm um plano no sentido de levar fibra ótica a mais de 1100 localidades - um projeto interessante para empresas portuguesas, onde se pode destacar a Visabeira. Têm ainda um plano nacional de água potável e de saneamento na ordem dos 13 mil milhões de dólares", especificou.
Ainda de acordo com o titular da pasta da Economia, há igualmente projetos conjuntos do Chile e da Argentina "de grande dimensão, como a construção de túneis de ligação entre os dois países [na cordilheira dos Andes]".
"Estamos a falar de túneis com mais de 12 quilómetros e, num desses projetos, de 1500 milhões de dólares. Penso que as empresas portuguesas podem encontrar no Chile e na Argentina projetos muito interessantes", acrescentou.
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