Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano, saiu esta terça-feira em defesa de Mesut Özil, jogador do Arsenal, que este fim de semana, nas redes sociais, criticou a China pela perseguição da minoria étnica de origem muçulmana uigur e os países muçulmanos por manterem o silêncio.
O caso culminou com a televisão estatal chinesa CCTV a cancelar, no domingo, a emissão do jogo entre o Arsenal e o Manchester City a contar para a Premier League, dois meses depois de a liga profissional de basquetebol norte-americana (NBA) ter sido igualmente punida por emissoras e patrocinadores chineses, após o diretor-geral de uma equipa ter demonstrado apoio às manifestações em Hong Kong.
“O Partido Comunista da China pode censurar Mesut Özil e os jogos do Arsenal durante toda a temporada, mas a verdade prevalecerá. O Partido não consegue esconder as violações graves dos direitos humanos perpetrada contra os uigur e outras religiões do mundo”, escreveu Mike Pompeo.
As autoridades chinesas mantêm mais de um milhão de uigures em campos de doutrinação na região de Xinjiang, no extremo oeste do país, numa campanha de assimilação cultural, denunciou um Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.
Antigos detidos dizem ter sido obrigados a renunciar ao Islão, jurar lealdade ao Partido Comunista Chinês e sujeitos a tortura e outros abusos. Outros dizem terem sido forçados a assinar contratos de trabalho com fábricas, onde são forçados a trabalhar longas jornadas por salários baixos, e proibidos de deixar as instalações durante os dias da semana.
O Governo chinês, que inicialmente negou a existência destes campos, afirmou, entretanto, tratar-se de centros de formação vocacional que visam integrar os uigures na sociedade e erradicar o “extremismo” da região.
Na terça-feira, também Yaya Touré, antigo jogador do FC Barcelona e Manchester City, abordou o caso, desta feita contra Özil, afirmando que este não devia ter denunciado o caso de direitos humanos na China.
"Os jogadores de futebol precisam de se manter no futebol e os políticos na política, não nos podemos envolver nesse tipo de coisas. Isso vai atrair muitos problemas”, afirmou Touré que durante alguns meses vestiu as cores do Qingdao Huanghai, da primeira divisão chinesa, e que também é muçulmano.
“Enquanto muçulmano é complicado e é a sua escolha. Ele tem feito comentários, mas acho que é errado dizer aquilo”, sublinhou.
O Arsenal tentou inicialmente distanciar-se dos comentários do médio de origem turca, mas com nacionalidade alemã. Em comunicado divulgado na rede social chinesa Weibo, o clube esclareceu que os comentários de Ozil são a sua opinião pessoal.
O Governo chinês enfrenta crescente condenação internacional devido ao tratamento dos uigures e outros grupos minoritários, mas o governo dos Estados Unidos tem sido especialmente crítico, numa altura de renovadas tensões entre Pequim e Washington.
Já no mês passado, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou a China de realizar uma campanha "altamente repressiva" contra os uigures e outros grupos minoritários muçulmanos, e revelou que o governo de Donald Trump vai impor restrições na emissão de vistos às autoridades do Governo chinês ligadas às detenções em massa. Pompeo apelou ainda aos países que rejeitem os pedidos do Governo chinês para repatriar pessoas de Xinjiang.
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