Num comunicado divulgado no portal da missão diplomática israelita em Lisboa, a embaixada de Israel lembra que a cerimónia protocolar, que decorreu no Cinema São Jorge num espírito “de paz, amor e inclusão”, tenha contrastado com o das manifestações ocorridas no exterior do edifício.
“[Nessas manifestações] o Estado de Israel foi vilipendiado, os judeus foram alvo de insultos e os convidados foram perseguidos, ameaçados, injuriados e alvo de objetos atirados às suas pessoas”, lê-se no documento.
“Israel sublinhou, desde o início, que esta guerra tem como objetivo devolver a segurança aos seus cidadãos e trazer os reféns de volta. É uma guerra contra o terrorismo e a barbárie que dele advém. Em tempos como os que vivemos todos aqueles que acreditam no mundo livre devem unir-se contra o mal”, prossegue o comunicado.
É nesse sentido que a missão diplomática israelita agradece “penhoradamente a políticos, deputados, diplomatas e a todos os que estiveram neste evento, […] a apoiar esta mensagem”.
Segundo a embaixada israelita em Lisboa, a cerimónia foi celebrada num momento “tão especialmente desafiante para o país” e que, “exatamente por essa razão, se fundamentou, a todo o tempo, numa mensagem que se quis de paz, amor e inclusão”.
Quarta-feira, cerca de duas centenas de ativistas pró-palestinianos manifestaram-se contra as celebrações do 76.º aniversário da fundação do Estado de Israel, atirando sacos com tinta a convidados que se preparavam para entrar para o local do evento.
O protesto, convocado pela Plataforma Unitária em Solidariedade com a Palestina (PUSP), foi acompanhado por um forte contingente policial, iniciado com a Equipa de Intervenção Rápida (EIR) e, depois, pelo Corpo de Intervenção da PSP, sem registo de confrontos até ao momento.
Empunhando bandeiras palestinianas e cartazes de protesto, os manifestantes gritaram palavras de ordem como “viva a luta do povo palestiniano”, “os 76 anos são de roubo e de chacina”, “[Carlos] Moedas (presidente da câmara municipal de Lisboa) patrocina propaganda assassina” ou “Sionismo é violência, Palestina é resistência”, além de referências aos 76 anos de “ocupação, apartheid [regime de segregação racial], roubo de terras e de genocídio”.
O protesto organizado pela PUSP e também pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) continuou a partir das 20:00 com uma vigília, para denunciar a "expulsão de milhões de pessoas palestinianas das suas casas e terras, assim como uma ocupação mortífera de quase oito décadas, sobre as quais teve base a fundação do Estado de Israel".
Em declarações à agência Lusa, Júlia Branco, ativista política pró-palestiniana, considerou “vergonhoso” que a Câmara Municipal de Lisboa e o cinema de São Jorge “deem palco a assassinos” e “a pessoas que estão a matar crianças, pessoas completamente inocentes, aos milhares”.
Questionada pela Lusa sobre a decisão anunciada hoje pela Espanha, Noruega e Irlanda de reconhecerem a 28 deste mês a Palestina como Estado independente, Júlia Branco defendeu que Portugal deveria fazer o mesmo.
“O governo português tem de reconhecer o Estado da Palestina já! Espanha já o fez, a Irlanda já o fez, a Noruega já o fez. Não sei do que é que está Portugal à espera”, concluiu.
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